Economia

Crescimento da China decepciona e provoca revisões

Segunda maior economia do mundo cresceu 7,7 por cento no primeiro trimestre, menor que o registrado no último trimestre do ano passado


	Containers no porto de Xangai: resultado frustrou expectativas de uma alta surpresa após a publicação de dados de crédito e exportações
 (REUTER/Aly Song/Files)

Containers no porto de Xangai: resultado frustrou expectativas de uma alta surpresa após a publicação de dados de crédito e exportações (REUTER/Aly Song/Files)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2013 às 08h33.

Pequim - A recuperação econômica da China desacelerou inesperadamente nos três primeiros meses de 2013 com a fraqueza na produção industrial e em gastos em investimentos forçando analistas a dar início a reduções nas expectativas para a expansão no ano apesar da insistência oficial de que o cenário é favorável.

A segunda maior economia do mundo cresceu 7,7 por cento no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, menos do que os 7,9 por cento registrados no quarto trimestre de 2012 e abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de expansão de 8,0 por cento. O resultado ainda frustrou as expectativas de uma alta surpresa que surgiram depois da publicação na semana passada de dados de crédito e exportações.

"Esse número pode muito bem explicar porque havia tanto suporte de liquidez no primeiro trimestre", disse o chefe de pesquisas econômicas do ING em Cingapura, Tim Condon.

"A produção industrial foi inesperadamente fraca e essa foi a fonte de fraqueza do PIB. Com base nisso, as expectativas para o PIB serão reduzidas e com certeza vamos reavaliar a nossa", completou Condon.

Enquanto isso, o RBS respondeu aos números reduzindo sua estimativa de crescimento da China no ano a 7,8 por cento, ante 8,4 por cento antes dos dados.

"Isso se deve tanto ao impacto do início mais fraco de 2013 quanto ao fato de os dados do primeiro trimestre mostrarem uma dinâmica de crescimento trimestral mais lenta do que o esperado", escreveu Louis Kujis, economista-chefe do RBS, em nota a clientes.

Sheng Laiyun, porta-voz da Agência Nacional de Estatísticas, que divulgou o PIB e uma série de outros dados nesta segunda-feira, disse em entrevista à imprensa que as preocupações são infundadas.

"Os fundamentos econômicos da China não mudaram. Estamos confiantes sobre o crescimento futuro e otimistas em alcançar a meta de crescimento deste ano", disse Sheng.


A China determinou uma meta de crescimento do PIB de 7,5 por cento para 2013, nível que Pequim acredita ser capaz de criar empregos suficientes ao mesmo tempo em que fornece espaço para reformas estruturais que o governo --e conselheiros políticos internacionais-- acreditam ser necessárias para colocar o crescimento em um caminho mais sustentável.

"O emprego está bastante estável", disse Sheng. "Emprego estável é um indicador básico da estabilidade econômica da China", completou ele, citando dados do Ministério do Trabalho e da Previdência Social mostrando que a China criou mais de 3 milhões de novos empregos no primeiro trimestre.

Produção Industrial

O crescimento de 8,9 por cento da produção industrial em março ante o ano anterior, abaixo das expectativas de 10,0 por cento, pesaram sobre a confiança dos investidores e sobre o PIB. Decepcionou também o crescimento de 20,9 por cento dos investimentos em ativos fixos no primeiro trimestre ante projeção do mercado de 21,3 por cento.

O aumento mais fraco na geração de energia em seis meses --alta de 2,1 por cento em março ante o ano anterior-- e a queda de 3,2 por cento na produção diária de aço bruto no mesmo período foram considerados como sinais de esfriamento da atividade.

Esses dados, divulgados junto com o PIB, ofuscaram a ligeira melhora do crescimento das vendas no varejo para 12,6 por cento em março na comparação anual, ante 12,3 por cento em fevereiro e expectativa de 12,5 por cento.

Mas o rápido aumento de uma nova classe de consumidores na China é um fator que mantém os investidores otimistas sobre o futuro da economia a longo prazo, desde que autoridades possam reequilibrar os motores do crescimento e se afastar dos gastos em investimentos e exportações, fatores aos quais está inclinado.

O consumo doméstico foi o principal motor do crescimento no primeiro trimestre, garantindo 4,3 pontos percentuais do total de 7,7 por cento. A formação de capital contribuiu com 2,3 pontos, enquanto as exportações geraram 1,1 ponto percentual.

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