Ebola: epidemia sobrecarregou os sistemas de saúde e abalou as economias de três países do oeste africano (Christopher Black/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2014 às 11h22.
Johanesburgo - O crescimento econômico da África subsaariana continua forte e deve acelerar para 5,8 por cento em 2015, mas se o surto de Ebola no oeste do continente se prolongar ou disseminar, terá “consequências dramáticas” para a região, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.
Na mais recente edição de suas Perspectivas Econômicas Mundiais, o FMI diz que a África deve repetir a taxa de crescimento de 5,1 por cento de 2013 neste ano e fazê-la crescer em 2015, já que os investimentos em infraestrutura estão aumentando a eficiência e os setores de serviços e agricultura estão florescendo.
A previsão para o ano que vem foi um avanço em relação aos 5,5 por cento de crescimento para a região como um todo projetada pelo fundo em abril.
“Esta perspectiva positiva geral é, entretanto, eclipsada pela situação dura de Guiné, Libéria e Serra Leoa, onde o atual surto de Ebola está cobrando um alto preço humano e econômico”, informou a seção do relatório sobre a África subsaariana.
Desde que foi detectada na Guiné em março, propagando-se para as vizinhas Libéria e Serra Leoa, a epidemia de Ebola já matou mais de 3.400 pessoas e é o pior surto já registrado da febre hemorrágica mortal.
A epidemia sobrecarregou os sistemas de saúde e abalou as economias dos três países do oeste africano, que mostravam sinais de recuperação de uma década de guerras civis interligadas nos anos 1990.
Viajantes isolados também levaram a doença à Nigéria, ao Senegal e aos Estados Unidos, e uma enfermeira espanhola se tornou a primeira pessoa a contrair o Ebola fora da África no surto atual.
“Se o surto de Ebola se estendesse por mais tempo ou se espalhasse para mais países, teria consequências dramáticas na atividade econômica da região do oeste da África”, declarou o FMI. O crescimento na África do Sul, a economia mais avançada do continente, tem sido morno em função das longas greves, da baixa confiança do empresariado e do suprimento limitado de eletricidade, relatou o fundo.
Mas o FMI previu uma “recuperação branda” para 2015 graças à melhoria nas relações trabalhistas e ao fortalecimento gradual das exportações, que proporcionarão um aumento de 2,3 por cento no crescimento sul-africano – a estimativa para este ano é de 1,4 por cento.
Em comparação, a Nigéria, maior produtora de petróleo africana e que superou a África do Sul como maior economia continental este ano depois de uma alteração dramática nos valores dos índices do Produto Interno Bruto (PIB), tem uma previsão de crescimento de 7 por cento para este ano e 7,3 por cento para 2015, disse o FMI.