Economia

Crescimento acelera na Espanha, mas consumo segue fraco

Aumento de 0,6% foi o melhor com relação ao crescimento espanhol desde o final de 2007

A progressão interanual do PIB na Espanha no período de março a julho é de 1,2%, quando era de 0,5% no primeiro trimestre (Desiree Martin/AFP)

A progressão interanual do PIB na Espanha no período de março a julho é de 1,2%, quando era de 0,5% no primeiro trimestre (Desiree Martin/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2014 às 17h16.

Madri - O crescimento na Espanha acelerou 0,6% no segundo trimestre, uma boa notícia ofuscada pela queda dos preços em julho, sinal de que o consumo se mantém em níveis baixos.

Trata-se do melhor dado sobre o crescimento espanhol desde o final de 2007 e do quarto trimestre consecutivo de alta, informou o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

Entre abril e junho, a economia espanhola, que no primeiro trimestre cresceu 0,4%, superou inclusive as expectativas do Banco de Espanha, que havia previsto um avanço de 0,5%.

Considerando-se as variações anuais, o aumento foi de 1,2% e se explica por "uma melhora da demanda nacional, que em parte compensa a contração da demanda externa", afirma o INE em comunicado.

Embora a taxa de desemprego continue muito elevada (24,4% no segundo trimestre) e os salários baixos, os espanhóis se sentem mais otimistas e destinam mais dinheiro ao consumo, avaliou Thibault Mercier, analista do banco BNP Paribas.

Além disso, "os investimentos das empresas são muito dinâmicos", acrescentou.

Mas a demanda se mantém muito baixa para empurrar os preços para cima. Assim, o índice de preços ao consumidor caiu 0,3% ao ano em julho, segundo dados provisórios do INE.

"Esta redução se explica, principalmente, pela estabilidade dos preços dos combustíveis e dos lubrificantes e dos alimentos e bebidas não alcoólicas, em comparação ao aumento dos preços em 2013", explicou o Instituto. "Também influencia nesta evolução a queda dos preços da energia elétrica", completou.

A inflação, calculada em dados harmonizados com os da União Europeia, já passou a valores negativos em março, quando os preços caíram 0,2%. Mas voltaram a subir ligeiramente em abril (+0,3%) e em maio (+0,2%) e se estabilizaram em junho.

O Banco Central Europeu (BCE) preconiza uma inflação ligeiramente inferior a 2%, muito acima do dado de julho.

Para a União de Associações de Trabalhadores Autônomos e Empreendedores (UATAE), tudo indica que o baixo nível dos preços, "à beira da deflação", se manterá nos próximos meses, sinal de que a recuperação econômica é "extremamente lenta", afirmou sua secretária-geral, María José Landaburu.

A Espanha, contudo, está longe de se ver ameaçada pela deflação, que corresponde a uma queda generalizada dos preços e dos salários durante um período continuado, minando o conjunto da economia, segundo Mercier.

A Espanha, que deixou a recessão no terceiro trimestre de 2013, viveu um período de deflação em 2009 com um retrocesso dos preços durante oito meses consecutivos.

A baixa taxa de inflação, que atinge toda a zona do euro, inquieta o BCE. O banco adotou em junho uma série de medidas excepcionais para impulsionar a economia europeia e fazer subir a inflação.

O governo espanhol se mantém otimista sobre as perspectivas do país. O ministro de Economia, Luis de Guindos, revisou na terça-feira para cima as suas previsões. O executivo prevê um crescimento do PIB de 1,5% em 2014 e de 2% em 2015. A projeção anterior era de 1,2% e 1,8%, respectivamente.

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