Brasília - O Coeficiente de Penetração de Importações atingiu 22,5% no primeiro trimestre deste ano.
Dados divulgados hoje (16) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o indicador, que aumentou 0,4 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2013, é o mais alto da série histórica, iniciada em 2007.
A entidade também informou, por meio do estudo Coeficientes de Abertura Comercial, que na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a participação dos importados cresceu 1,4 ponto percentual no início de 2014. No mesmo período, o coeficiente de importações na indústria extrativa caiu de 57,5% para 54,9%.
Entre os 23 setores da indústria de transformação pesquisados, informou a CNI, o coeficiente de penetração de importações caiu apenas nos de farmacoquímicos e farmacêuticos e no de outros equipamentos de transporte (navios, reboques, aviões e outros).
Por outro lado, as maiores altas do indicador foram registradas nas indústrias de veículos automotores, produtos diversos, vestuário, têxteis e produtos de metal.
De acordo com a avaliação da CNI, a participação das importações não faz parte de uma estratégia das empresas, mas confirma a falta de competitividade da indústria brasileira.
Com baixa produtividade e custos elevados, a indústria nacional está perdendo mercado interno e externo.
No caso do coeficiente de exportação, que mede a importância das vendas externas no valor da produção da indústria, ficou em 19,8% no primeiro trimestre, praticamente igual aos 19,7% do final do ano passado. Na indústria extrativa, o indicador caiu 1,4 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2013.
Na indústria de transformação, o coeficiente ficou estável, em 16%.
O objetivo da pesquisa, de acordo com a metodologia divulgada pela CNI, é avaliar a importância que as exportações têm no faturamento total do setor industrial e o grau em que o setor industrial se utiliza de bens importados como insumos em seu processo produtivo.
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1. Raio-x da competitividade da economia brasileira é desanimador
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1/8 (Ricardo Correa/EXAME)
São Paulo - Com a progressiva remoção das barreiras comerciais entre os países, o conceito de competitividade está cada vez mais presente nas discussões sobre o rumo da economia brasileira. O caráter global dos mercados torna imprescindível a existência de um ambiente saudável para os negócios, que seja bem regulado pelo poder público e garanta às empresas do país uma posição de destaque no cenário internacional. Um estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) reuniu informações de órgãos como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial para compor um panorama da economia do Brasil. A pesquisa comparou os resultados nacionais com os de outros 13 países, três desenvolvidos e dez emergentes. O raio-x desanima. Em seis de 10 critérios de avaliação, o país orbita entre a oitava e a décima colocação. Em outras três categorias a economia nacional fica abaixo do décimo lugar. Apenas em um dos rankings, a saber, a dimensão do mercado doméstico, o Brasil fica bem colocado, aparecendo na quarta posição. A conclusão da CNI é que "as variáveis associadas ao ambiente macroeconômico têm, no seu conjunto, um efeito desfavorável à competitividade das empresas brasileiras." Em critérios como a taxa de investimento e o comportamento do câmbio, o Brasil ocupa a última posição da lista. Veja nos slides ao lado a avaliação da economia brasileira considerada pelo estudo da CNI.
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2. Ambiente macroeconômico é o pior entre 14 países
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2/8 (Arquivo/Exame/EXAME)
São Paulo - O Brasil tem o pior ambiente macroeconômico de um conjunto de 14 países, segundo o estudo da CNI. No outro extremo está a China, com os melhores indicadores. Esta variável leva em conta fatores como a taxa de inflação, a dívida bruta do governo, os investimentos medidos pela formação bruta de capital fixo, os investimentos estrangeiros diretos no país e a taxa de câmbio real. À frente do Brasil estão alguns países latino-americanos como o México, Colômbia, o Chile e a Argentina. Do grupo chamado Bric, além de Brasil e China estão a Rússia, que ocupa a penúltima colocação e a Índia, que ficou com a sexta.
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3. Inflação em alta no Brasil prejudica ambiente econômico
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3/8 (Germano Luders/EXAME)
São Paulo - O estudo da CNI usa como base o ano de 2009 para mostrar que, dentre 14 países, o Brasil teve a nona maior variação do índice de preços ao consumidor. No ano passado, a inflação oficial variou 4,8%, enquanto em países como a China e o Canadá, praticamente não houve alta. Para este ano, a expectativa do mercado, divulgada no relatório Focus, do Banco Central, é de 5,72%. Em 2011 o mercado espera uma inflação de 5,20%. Vale lembrar que, neste ano, o dragão passou a ameaçar também a China, principalmente por causa do aumento dos preços dos alimentos. Em outubro, a inflação no país oriental chegou a 4,4% (acumulado em 12 meses), a máxima nesse tipo de comparação dos últimos 25 meses.
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4. Brasil tem a oitava maior relação dívida/PIB no ranking da CNI
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4/8 (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
São Paulo - O Brasil tem a oitava maior relação entre a dívida bruta do governo e o Produto Interno Bruto (PIB), no ranking da CNI com 14 países. Este indicador considera tudo o que o poder público e o Banco Central devem ao sistema financeiro, a empresas não-financeiras, e a outros países, mas não entram no cálculo os créditos do governo e do BC. Em 2008, a dívida chegou a 39,1% do PIB. No ano seguinte, devido ao elevado gasto público para amenizar os impactos da crise, esta relação entre dívida bruta e PIB chegou a 62,9%. No início de 2010 o BC chegou a divulgar uma previsão de queda do percentual, para 62,5%. Dados mais recentes, do mês de outubro deste ano, mostram que a dívida pública bruta representa 60% do PIB brasileiro.
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5. Segundo CNI, Brasil tem o pior nível de investimentos
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5/8 (Geyson Magno/VOCÊ S/A)
São Paulo - O nível de investimentos do governo brasileiro, medido pela formação bruta de capital fixo, é 0 mais baixo no ranking de 14 países elaborado no estudo da CNI. Os dados mais recentes disponíveis para a comparação datam de 2008. Eles mostram o Brasil com uma taxa de investimentos correspondente a 19% do PIB. No mesmo ano, a China, primeira no ranking de acordo com este critério, investiu mais de 40% do valor correspondente a seu PIB.
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6. Dificuldades para fazer negócios afastam capital estrangeiro
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6/8 (André Valentim/EXAME)
São Paulo - No ranking de 14 países da CNI, o Brasil ocupa a 10ª posição quando o critério é o nível de investimento estrangeiro direto em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). O valor aplicado por empresas multinacionais no Brasil em 2008 chegou a pouco mais de 2,8% do PIB. Neste ano, o país mais atraente para o capital estrangeiro foi o Chile, com 9,91% de seu PIB correspondente a investimentos externos. Um relatório publicado pelo Banco Mundial em novembro deste ano dá pistas da razão pela qual o Brasil está mal qualificado neste aspecto de sua economia. O estudo mostra que o país é considerado o 127º mais hostil - em uma lista com 183 nações - para se fazer negócios. As categorias analisadas para este estudo envolvem as dificuldades no processo de abertura de empresa, na obtenção de alvarás para construção, o acesso ao crédito, o pagamento de impostos, as facilidades de importação, e o trâmite para fechamento da empresa.
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7. Ambiente microeconômico do país está na média
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7/8 (Eduardo Albarello/VEJA São Paulo)
São Paulo - O estudo da CNI mostra que o Brasil está em posição intermediária nas questões que envolvem a competitividade de seu mercado interno e a dimensão deste mercado. As variáveis relacionadas à concorrência - nível das barreiras tarifárias e a avaliação da intensidade da concorrência - ficam entre a oitava e a nona posição no ranking de 14 países. Considerando o ambiente microeconômico geral, a classificação do Brasil é o 7º lugar. A Espanha é o primeiro país da lista e a Rússia, o último. Ainda segundo o relatório da CNI, de 14 países, o Brasil tem a oitava maior alíquota alfandegária em relação ao volume de comércio. A mais baixa é a da Polônia, e a mais elevada, da Rússia.
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8. Mercado interno garante a força da economia brasileira
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8/8 (Divulgação/EXAME.com)
São Paulo - O sucesso do Brasil durante a crise mundial é atribuído à força de seu mercado interno, o qual, segundo estudo da CNI, aparece como o quarto maior no ranking de 14 países. As quatro primeiras posições são dos países do Bric. À frente do mercado brasileiro, estão os de Rússia, Índia e China, nesta ordem. O cálculo levou em consideração o PIB somado ao valor das importações de bens e serviços, subtraído do valor das exportações. O estudo da CNI menciona também uma pesquisa feita pelo fórum econômico mundial a executivos dos 14 países considerados no ranking: "como você avalia a intensidade da concorrência no mercado doméstico do seu país?" Os empresários deram notas de 1 (limitada na maioria das indústrias) a 7 (intensa na maioria das indústrias). O Brasil obteve a nota 5,2, e ficou na nona posição. Os países melhor avaliados foram a Índia e a China, ambos com 5,8.