BCE: inflação da zona do euro desacelerou a apenas 0,7% em outubro e uma estimativa rápida para novembro deve ser divulgada na zona do euro na sexta-feira (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 16h00.
Empréstimos cronicamente fracos e uma inflação persistentemente baixa sugerem que a luta da zona do euro contra a deflação não está superada, e que mais ações precisam ser tomadas pelo Banco Central Europeu (BCE), disseram analistas nesta quinta-feira.
Embora o BCE tenha injetado quantias sem precedentes de liquidez no sistema financeiro e cortado taxas de juros para as menores taxas de todos os tempos, os empréstimos para o setor privado - um indicador chave - continua se contraindo, mostraram novos dados.
O BCE calculou que os empréstimos ao setor privado na área de moeda única caíram 2,1% em outubro na comparação ano a ano, depois de já ter se contraído 2% em setembro.
A instituição com sede em Frankfurt também publicou seus números mais recentes da oferta de moeda, mostrando uma forte desaceleração no crescimento da oferta de dinheiro, para 1,4% em outubro, frente a 2% em setembro.
Os dados de preços ao consumidor para a Alemanha mostraram que a inflação na maior economia da Europa ainda é muito menor que deveria ser.
Tudo isso pode significar problemas na luta contra a deflação nos 17 países da zona do euro, disseram analistas.
"Esses acontecimentos destacam o risco de deflação, o que agora, começamos a acreditar que está se tornando uma das principais questões da zona do euro", disse Marie Diron da EY Eurozone Forecast.
"O crescimento muito fraco da oferta de dinheiro e queda nos empréstimos a empresas confirmam que a recuperação da zona do euro é fraca e, por isso, acreditamos que as condições de crédito continuarão estreitas", disseram os especialistas.
"A história nos ensinou que é melhor agir preventivamente para evitar deflação, já que uma vez que ela aconteça, é muito difícil para o banco central revertê-la", afirmou Diron.
O BCE deve "errar por ser cauteloso e oferecer mais apoio monetário", concluiu ela.
O banco central pode, por exemplo, injetar mais liquidez no sistema por meio de novas LTROs (operações de refinanciamento de longo prazo) que já foi usado no final de 2011 e o começo de 2012.
O economista da IHS, Howard Archer, disse que os dados sugerem que "os bancos provavelmente acreditam que a situação econômica e a perspectiva de muitos países da zona do euro ainda oferecem uma incerteza e um cenário arriscado para emprestar".
O baixo crescimento da oferta monetária também "indica que as pressões inflacionárias na zona do euro permaneceram extremamente baixas e mantém aberta a possibilidade que o BCE acabará tomando ações mais estimulantes para tentar e aproximar a inflação dos preços ao consumidor da taxa abaixo de 2%", disse Archer.
Archer disse que o BCE era "mais provavelmente para outro LTRO no começo de 2014 e certamente não evitaria uma ação na reunião de 5 de dezembro".
A analista da Newedge Strategy, Annalisa Piazza, disse que os empréstimos a empresas "continuam como a principal fonte de fraqueza e mostram claramente que as condições de crédito da zona do euro permanecem, de alguma forma, "paralisadas" apesar dos sinais de recuperação tímidos em atividade".
A inflação da zona do euro desacelerou a apenas 0,7% em outubro e uma estimativa rápida para novembro deve ser divulgada na zona do euro na sexta-feira.
Mas a inflação na Alemanha, a maior economia da Europa, ficou a 1,3% este mês, abaixo da meta do BCE de pouco abaixo de 2%. Na Espanha, os preços ao consumidor subiram 0,3% em novembro depois de não mostrar mudanças em outubro.