Economia

Crédito cresce, mas economia não reage, diz Desenvolve SP

O presidente do Desenvolve São Paulo também destacou o fato de o crescimento do crédito no Brasil ter acontecido, principalmente, por conta da atuação dos bancos públicos


	Santos: apesar de ter se mantido numa trajetória crescente, os empréstimos liberados têm gerado uma concentração de renda, uma vez que os recursos não são distribuídos de forma equânime
 (Marcos Santos/usp imagens)

Santos: apesar de ter se mantido numa trajetória crescente, os empréstimos liberados têm gerado uma concentração de renda, uma vez que os recursos não são distribuídos de forma equânime (Marcos Santos/usp imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de março de 2013 às 15h49.

São Paulo - O crescimento do crédito que, segundo o Banco Central (BC) foi de 16,8% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, é importante do ponto de vista quantitativo, mas não suficiente para alavancar a produção brasileira e fazer a economia dar um salto.

A análise é de Milton Luiz de Melo Santos, presidente do banco de Desenvolvimento de São Paulo (Desenvolve São Paulo) e ex-presidente da Nossa Caixa, incorporada pelo Banco do Brasil. "Até que ponto esse crescimento (mostrado hoje nos dados do BC) foi representativo e importante na geração de mais produção no Brasil?", questionou ele, em entrevista nesta terça-feira à Agência Estado.

O estoque de crédito aumentou 0,7% em fevereiro sobre janeiro enquanto no acumulado do ano avançou 0,6%. Apesar de ter se mantido numa trajetória crescente, os empréstimos liberados, na opinião de Santos, têm gerado uma concentração de renda, uma vez que os recursos não são distribuídos de forma equânime.

Ele também destacou o fato de o crescimento do crédito no Brasil ter acontecido, principalmente, por conta da atuação dos bancos públicos. Conforme dados nesta manhã pelo BC, o estoque de crédito total (livre + direcionado) nos bancos públicos avançou 1,1% em fevereiro em relação a janeiro ante aumento de 0,7% visto nas instituições privadas. Nos estrangeiros foi visto declínio de 0,1% no mês. Em 12 meses, o crescimento foi de, respectivamente, 28,9%, 6,9% e 8,4% nessas três categorias de bancos.

A Caixa, embora tenha uma fatia destinada à pessoa jurídica, está focada no varejo, no qual há muito crédito ao consumo. "O governo tem se posicionado para manter o consumo aquecido para que a economia não caia, mas existe um limite porque isso está ligado a financiamento e, consequentemente ao aumento de endividamento das famílias", criticou o presidente do banco paulista, lembrando que boa parte das pessoas já está com a sua capacidade financeira tomada.

Santos também alertou para o fato de boa parte da expansão da liberação de recursos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ter se dado por recursos captados pelo Tesouro Nacional no mercado, no qual ele se endividou. "Este é um modelo que não se sustenta muito no longo prazo. O que é saudável e sustentável para o Brasil é que os recursos sejam originados dentro da própria economia com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)", observou ele.

À medida que há aumento da produção, conforme Santos, o volume de recursos disponíveis na economia cresce pela própria multiplicação do PIB. "É isso que permite o crescimento sustentável da oferta de crédito", avaliou. O presidente da Desenvolve SP participou nesta terça de evento organizado pela Serasa Experian e pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC) sobre a questão socioambiental no novo cenário regulatório.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoEmpréstimosMercado financeiro

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE