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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, ao comentar hoje o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2009, preferiu concentrar sua análise na recuperação mostrada no quarto trimestre e não no fraco resultado do ano passado. Mesmo assim, foi bastante comedido na avaliação da retomada econômica. "Tudo indica que a economia brasileira não está ainda crescendo de maneira tão acelerada, como o mercado fica imaginando. Em 2010, teremos um crescimento bastante bom. Mas há uma certa precipitação em imaginar que a economia já estaria crescendo a taxa de 6%. Na verdade, a economia está crescendo a 4,5% ao ano, o que é um ritmo moderado e saudável, porque é puxado principalmente pelo investimento, pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo)", afirmou.
O economista, um dos idealizadores da política industrial do governo e principal artífice das medidas adotadas para conter os efeitos da crise mundial no País, reconheceu os fortes impactos do retrocesso global sobre a evolução econômica doméstica, mas disse que agora, o que importa, é o "resultado na margem", na comparação trimestral. "O resultado do PIB de 2009, perto de zero, mostra queda relevante nas exportações, em função da crise mundial, queda importante nos investimentos, que já está sendo revertida, e mostra que foi o mercado interno, o consumo, que evitou uma recessão mais grave no Brasil", comentou
Em seguida, emendou: "o resultado do último trimestre do ano revela que a economia está crescendo a uma taxa próxima a 4,5% ao ano". "É um crescimento bastante saudável, liderado pelo investimento, que teve forte incremento no terceiro e no quarto trimestre. Acredito que neste primeiro trimestre de 2010 a taxa de crescimento do Brasil esteja ainda próxima a 4,5%", declarou.
O ritmo relativamente moderado, avalia o presidente do BNDES, permite certa segurança à sustentabilidade do crescimento, especialmente se o investimento continuar liderando essa evolução. "Isso permite controlar o chamado 'hiato do produto', ou seja, controlar a capacidade de ofertar.
Ele lembrou que a forte recuperação do investimento no segundo semestre de 2009 respondeu, em grande medida, a estímulos da política econômica do governo, "principalmente o Programa de Sustentação do Investimento (PSI)", salientou. O programa, capitaneado pelo BNDES, reduziu praticamente à metade as taxas de juros cobradas para a comercialização de máquinas e equipamentos industriais. "Este efeito ajudou a mitigar a queda do PIB e a queda do investimento, e também contribuiu para uma recuperação mais forte e mais precoce do investimento produtivo, o que é muito saudável para a sustentação do crescimento a médio prazo.
Embora não tenha desconsiderado os riscos inflacionários, Coutinho argumentou que hoje o crescimento não está mais tão ancorado no consumo das famílias, mas sim pelo investimento das empresas e do governo. "É claro que existem pressões inflacionárias naturais, sazonais. Mas é possível crescer sem riscos inflacionários, principalmente porque existe ainda um certo grau de ociosidade de capacidade produtiva. Também é preciso considerar que, pelos dados do IBGE, o crescimento ainda está em ritmo moderado, de 4,5%, o que não inspira grande preocupação do ponto de vista estrutural".