Economia

Corte na produção de petróleo ocorre mais rápido que o previsto

13 países da Opep e 11 produtores fora do grupo fizeram cortes coletivos, totalizando 1,5 milhão de barris por dia, desde que os acordos foram assinados

Petróleo: acordo de redução foi assinado em dezembro (Thinkstock) (Thinkstock/Thinkstock)

Petróleo: acordo de redução foi assinado em dezembro (Thinkstock) (Thinkstock/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de janeiro de 2017 às 11h37.

Viena - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e as autoridades russas disseram neste domingo que estavam progredindo no que diz respeito às suas promessas de reduzir a produção de petróleo e elevar os preços mundiais.

O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, disse que os 13 países da Opep e 11 produtores fora do grupo fizeram cortes coletivos, totalizando 1,5 milhão de barris por dia, desde que os acordos foram assinados em novembro e início de dezembro.

Os preços do petróleo subiram quase 20% desde que os acordos foram estabelecidos, apesar do ceticismo generalizado sobre se a Opep e outros produtores iriam seguir adiante.

Falih também descartou uma nova política energética do governo de Donald Trump, que afirmou que os Estados Unidos buscarão a independência da Opep, mas manterão relações estreitas com seus aliados no Golfo Pérsico para combater o terrorismo.

"Nós, na Arábia Saudita, ansiamos por trabalhar de forma cooperativa e construtiva com o governo Trump, especialmente na área de energia", disse o ministro.

Entretanto, as estimativas que foram entregues na manhã de domingo são preliminares e os oficiais não forneceram outros detalhes importantes, como a produção coletiva atual da Opep ou se a Arábia Saudita estava suportando uma carga maior de cortes para compensar outros membros que não estariam cumprindo com o acordo.

Os cortes anunciados no domingo não levam em conta o aumento da produção dos membros da Opep esperado dos cortes de produção, incluindo a Líbia, onde os fluxos brutos atingiram um máximo de três anos neste mês.

As estimativas foram divulgadas durante a primeira reunião da Opep para monitorar o cumprimento do regime de corte de produção. Nem todos os membros da Opep estavam presentes, apenas Arábia Saudita, Qatar, Venezuela, Kuwait e Argélia, além de países que não são membros, como Omã e Rússia.

A reunião foi realizada em meio ao ceticismo generalizado no mercado de que a Opep e seus novos aliados irão cumprir com suas promessas de reduzir o equivalente a cerca de 2% da oferta global de petróleo.

Vários membros da Opep, incluindo a Venezuela, estão passando por severa contração econômica, depois de mais de três anos de preços de petróleo deprimidos, tornando os cortes de produção economicamente inviáveis.

A dúvida fez com que fosse estabelecido um limite aos preços do petróleo, que oscilaram entre US$ 54 o barril e US$ 57 o barril, considerando o petróleo Brent como referência internacional, desde o acordo. A maioria dos membros da Opep precisa de preços mais altos para equilibrar seus orçamentos nacionais e pagar por seus programas sociais.

Mas os produtores disseram que estavam fazendo progresso. O ministro venezuelano do Petróleo, Nelson Martinez, disse que seu país já havia entregue cerca de metade do seu objetivo de corte na produção e daria conta do restante da meta no próximo mês. Contudo, cabe notar que a produção venezuelana há muito tempo está em declínio por causa da queda dos investimentos.

Entre os países que não são membros da Opep, a Rússia disse que já havia cortado parte dos 300 mil barris por dia que prometeu cortar e reduziria o restante em breve.

Falih classificou, neste domingo, o cumprimento do acordo da Opep como "fantástico". Ele disse que a oferta e a demanda de petróleo - relação que, nos últimos anos, se direcionou para o excesso de oferta - estava voltando para o equilíbrio mais rapidamente, por causa dos cortes na produção.

Falih reiterou que seu país - o maior exportador mundial de petróleo - já havia reduzido sua produção em volume superior ao prometido, para menos de 10 milhões de barris por dia. Ele previu mais cortes a clientes em fevereiro e disse que a produção não iria voltar acima de 10 milhões de barris por dia.

O comitê de monitoramento da produção no domingo deveria abordar várias questões polêmicas, incluindo quais dados devem ser usados para avaliar o ritmo de redução da produção. Alguns países querem usar seus próprios dados, em detrimento dos números independentes calculados pela Opep.

"Teremos que concordar com um mecanismo para monitorarmos um ao outro", disse o ministro do petróleo de Omã, Mohammed Al-Rumhy, ao The Wall Street Journal, na quinta-feira. "As fontes de informação serão um ponto de discussão."

Os representantes da Opep no domingo estimaram seu nível de conformidade em 80%, o que significa que cerca de quatro quintos dos cortes prometidos aconteceram. Isso mostra um ritmo mais rápido do que o observado em 2009, quando o grupo tinha uma taxa de conformidade de cerca de 57% ao mês após o seu acordo.

Os esforços para aumentar os preços enfrentam a resistência de países produtores que não fazem parte de nenhum acordo de produção. A produção dos EUA está aumentando rapidamente, ameaçando colocar mais oferta no sistema e, o que tende a pesar sobre os preços.

Os comerciantes de petróleo estarão focados em saber se os sauditas estão prontos para continuar compensando qualquer diferença entre o que a Opep prometeu e como isso afeta a oferta e a demanda no mercado, disse Helima Croft, estrategista-chefe de commodities da RBC Capital Markets.

"Os sauditas estão preparados para apoiar o acordo?", questionou Croft, acrescentando que, a depender do comportamento da Arábia Saudita, o Iraque e a Líbia podem se tornar problemas.

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