Corrupção transnacional afeta todos os países, diz OCDE
Nenhum país, seja desenvolvido ou não, se salva do cenário de corrupção exposto pela OCDE
Marcha contra a corrupção na Espanha: OCDE se baseou em informações reunidas de 427 casos (Cesar Manso/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 18h23.
Paris - Nenhum país, nem desenvolvido nem em desenvolvimento, se salva no cenário de corrupção exposto nesta terça-feira em Paris pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Cerca de um em cada dois casos de corrupção transnacional envolve "agentes públicos de países cujo índice de desenvolvimento humano é alto", ou seja, países desenvolvidos, segundo a organização com sede em Paris.
A OCDE define a corrupção transnacional como "oferecer (...) uma vantagem indevida, pecuniária ou de outro tipo, (...) a um agente público estrangeiro, em seu benefício ou em benefício de terceiro, para que este agente atue ou se abstenha de atuar na execução de funções oficiais, com o objetivo de obter ou preservar seu mercado no comércio internacional".
Para fazer um retrato da corrupção, a organização se baseou em informações reunidas de 427 casos que foram julgados pela justiça desde 1999, ano da entrada em vigor da Convenção Anti-Corrupção da OCDE.
Subornos são os mais frequentemente prometidos, oferecidos ou concedidos a funcionários de empresas públicas (27%) ou a agentes alfandegários (11%). Na maioria dos casos, eles são pagos para vencer licitações ou contratos com o setor público (57%) e, em segundo lugar, para obter procedimentos de desembaraço (12%).
As empresas de mais de 250 trabalhadores (60%) são as primeiras em atos de corrupção enquanto as pequenas e médias empresas não chegam a 4% dos casos.
Em média, os subornos equivalem a cerca de 10,9% do valor total da transação e 34,5% dos lucros das negociações.
Empresas fachada
Dois terços dos casos ocorrem em quatro setores: mineração (19%), construção (15%), transporte e armazenagem (15%) e setor de informação e comunicação (10%).
Em três de cada quatro casos, os intermediários - agentes físicos ou veículos jurídicos como as filiais e as empresas situadas em paraísos fiscais - estiveram envolvidos.
"Isso mostra até que ponto os veículos jurídicos são a pedra angular da corrupção", observa Friederike Röder, diretora da ONG One France.
Segundo a entidade, "os países em desenvolvimento se veem privados de pelo menos 1 bilhão de dólares que desaparecem em empresas fachada frequentemente criadas nos países da OCDE", que reúne 34 países desenvolvidos.
Em seu relatório, a OCDE explica que em 69% dos casos se chegou a um acordo com os 31% que sofreram condenações.
Segundo Marina Yung, responsável jurídica da ONG Transparency International, as condenações são insuficientes.
"Refletimos sobre a forma de justiça transnacional que viria acompanhada por sanções dissuasivas, com acordos validados por um juiz da sede", ressalta.
O relatório afirma também que o prazo médio necessário para que um caso de corrupção se concretize não para de crescer, de 4 anos em 2010 para 7,3 anos em 2013.
Esse crescimento é explicado pela complexidade crescente das técnicas de corrupção.
São Paulo - O final do julgamento do escândalo do mensalão trouxe a esperança de que o Brasil possa um dia dizer basta à corrupção. Para um país em que as denúncias não param de aparecer nos jornais, é surpreendente como o tema é pouco explorado pelo cinema nacional. Mas alguns filmes mostram a dimensão que atos corruptos podem tomar - e de como a corrupção está enraizada no país. EXAME.com separou seis filmes que tratam do tema da corrupção. Clique nas fotos para assistir aos trailers que estiverem disponíveis no YouTube.
"Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro" veio na onda do sucesso do seu antecessor, que fazia um retrato da violência do tráfico no Rio de Janeiro. No segundo filme, porém, o inimigo é outro, e maior: os políticos corruptos. O filme do diretor José Padilha traz Wagner Moura no papel do coronel Nascimento, que deixa o Bope para atuar na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Nos cinemas, o público vibrava com a cena em que Nascimento se vingava de um deputado que ameaçava sua família. O longa mostra políticos do Rio em aliança com milícias. Mas a cena final abre o escopo da crítica para todo o Congresso Nacional.
var galeriaLinkVideo = ; O filme de Nelson Pereira dos Santos conta a história de um médico legista que é chamado para identificar uma ossada supostamente de uma assessora parlamentar desaparecida há meses. O longa mostra como há interesses políticos e muitas atividades ilícitas entre os membros do Congresso. No caso, parlamentares tentam subornar e ameaçar o profissional para que ele confirme que a ossada é da moça desaparecida.
var galeriaLinkVideo = ; Drama pesado que faz analogia entre o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria que existe atualmente. Polêmico, o filme faz uma grande crítica às Organizações Não-Governamentais (ONG), expondo a solidariedade de fachada que não passaria de uma desculpa para corrupção e captação de recursos.
O filme de Beto Brant, adaptação do livro homônimo, conta a história de três sócios de uma empreiteira - dois deles dispostos a se corromper para vencer uma concorrência pública e obter uma obra. O terceiro deles, honesto, acaba correndo risco de vida quando um bandido é contratado para assassiná-lo. O bandido, por sua vez, acaba se autonomeando chefe de segurança da empreiteira, chantageia os dois amigos e seduz a rica Marina, além de levá-la para experimentar coca na periferia.var galeriaLinkVideo = ;
var galeriaLinkVideo = ; José Wilker faz o memorável papel de Tenório Cavalcanti, político alagoense que atua em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O filme de Sérgio Rezende é uma versão romantizada de uma história real. Polêmico, Cavalcanti costumava andar com uma capa preta e uma metralhadora (batizada de Lurdinha) em mãos e ficou famoso por ser conservador e, ao mesmo tempo, se indignar com a corrupção da política. No filme, ele chega a visitar a câmara com Lurdinha em mãos para ameaçar os legisladores. Em outra cena, Cavalcanti se irrita com um repórter tendencioso e interesseiro e, no meio de um evento oficial, joga o jornalista em uma piscina.
O filme dirigido por Cacá Diegues mostra um pouco da corrupção política antes da ditadura militar no Brasil. Jorge Ramos é ambicioso jornalista que faz de tudo para conseguir mais poder - e corrompe todos no sistema político de sua cidade. O filme traça paralelos com a história política do Brasil desde a revolução de 1930 até o início da ditadura militar. O primeiro golpe que Ramos dá é em um barão do café, a quem ele convence ser um homem de caráter e consegue casar com sua filha. Pouco tempo depois, com a queda de Vargas no pós-guerra, o jornalista engana o sogro e foge com a esposa para a capital. Em busca de uma rápida ascensão, ele recorre a chantagens e estelionato para conseguir o que quer. (O filme não possui trailer no YouTube)
8. Agora, confira as leituras que tornaram mais fácil conhecer a história do paíszoom_out_map