Economia

Corrente do PT acusa Levy de repetir governo de FHC

O economista Alberto Handfas se mostra preocupado com a diminuição do papel dos bancos públicos e a "liberalização" do comércio internacional.


	Joaquim Levy: ministro disse hoje que governo "não quer manter o câmbio valorizado artificialmente"
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Joaquim Levy: ministro disse hoje que governo "não quer manter o câmbio valorizado artificialmente" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 14h39.

São Paulo - Um artigo publicado na página na corrente petista "O Trabalho", assinado pelo economista Alberto Handfas, acusa o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de fazer "chantagem" para implantar no Brasil a "agenda dos banqueiros internacionais" e repetir o governo Fernando Henrique Cardoso.

O Trabalho é uma das correntes mais à esquerda dentro do PT.

"Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda de Dilma, utiliza-se do cenário econômico internacional mais desafiador para fazer chantagem e avançar a agenda dos banqueiros internacionais. Pretende retomar a agenda de Fernando Henrique Cardoso do PSDB", escreve no artigo que foi originalmente publicado no jornal da corrente.

O Trabalho tem um representante, Marcos Sokol, no diretório nacional, ou 1,38% do total.

Handfas, que aparece na lista de filiados ao PT, contraria o discurso do governo de que não há redução de direitos trabalhistas e ataca as medidas anunciadas pela equipe econômica.

Ainda na opinião do professor, a redução de subsídios terá como consequência aumentos consideráveis nas contas de água, luz e no preço da gasolina.

O economista se mostra preocupado com a diminuição do papel dos bancos públicos e a "liberalização" do comércio internacional.

Para Handfas, isso implicaria no fechamento de empresas e o aumento do desemprego no Brasil.

"Tais medidas, se aplicadas, implicarão no fechamento de muitas empresas nacionais e com elas de milhares, senão milhões, de empregos. Mas para o ministro isso é um detalhe com o qual se poderá lidar ajudando as empresas através da redução de seus custos trabalhistas".

Como alternativas, o economista sugere medidas contrárias às que vêm sendo adotadas pela atual equipe, como o "fim da mobilidade de capitais" e a "centralização cambial".

"Permitiria ao governo retomar sua autoridade para definir as taxas de juros e de câmbio em favor da indústria e do desenvolvimento nacional", argumenta.

Na contramão do que defende o petista, Joaquim Levy disse hoje que o governo "não quer manter o câmbio valorizado artificialmente".

O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, negou que haja mudança entre o discurso da campanha e deste início de governo.

A tensão entre quadros do PT e a nova equipe econômica vem marcando o início de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

As medidas de ajuste fiscal causaram mal estar em diversos setores do partido e geraram críticas públicas de figuras como José Dirceu e do vice-presidente do partido Alberto Cantalice.

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