Economia

Coronavírus: com ações, rombo nas contas públicas será o maior da história

Está previsto um déficit de R$ 419,2 bilhões; o valor equivale a 5,55% do PIB, segundo o secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues

Dinheiro: a expectativa da equipe econômica é que o impacto do coronavírus seja limitado a este ano (Bruno Domingos/Reuters)

Dinheiro: a expectativa da equipe econômica é que o impacto do coronavírus seja limitado a este ano (Bruno Domingos/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de abril de 2020 às 19h48.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 19h49.

O secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, disse nesta quinta-feira que as ações contra a crise do coronavírus farão com que o país tenha o maior déficit fiscal da história. O rombo estimado para 2020 é de R$ 419,2 bilhões, equivalente a 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Waldery, a expectativa da equipe econômica é que o impacto seja limitado a este ano.

— É o maior da série histórica, mas é justificado pela pronta ação do governo federal. Entendemos que é limitado a 2020 e que a economia se recuperará — disse Waldery.

O Orçamento deste ano autorizava um déficit de até R$ 124,1 bilhões. A decretação de calamidade pública pelo Congresso, no entanto, liberou o governo de cumprir essa meta. O decreto vale até o dia 31 de dezembro deste ano.

Nos últimos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a mencionar que o impacto das medidas do governo contra a pandemia chegaria a R$ 750 bilhões. Esse valor inclui, no entanto, ações que não têm impacto fiscal, como facilitação de crédito e permissão para atraso no recolhimento de impostos.

Orçamento de guerra

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, defendeu a aprovação rápida da proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria o chamado “Orçamento de guerra”.

A PEC, apresentada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), permite ao governo gastar o que for preciso para as ações relacionadas ao coronavírus. A votação da proposta deve ocorrer nesta sexta-feira.

— A PEC trabalha com a flexibilidade das regras tradicionais num momento de calamidade pública, num momento em que a população precisa receber recursos — disse Guaranys.

Para ampliar os gastos públicos durante a crise, a proposta permite que as despesas relacionadas ao combate à pandemia e seus efeitos na economia possam ser feitas sem o cumprimento das regras que hoje regem o Orçamento público. A condição é que a despesa não seja permanente.

A “regra de ouro” — que proíbe o governo de emitir dívida para pagar despesas correntes, como salários — fica suspensa neste ano, pela proposta aprovada, o que facilita a ação do governo.

— Mesmo sem ter tido a aprovação da PEC, a gente já tem divulgado as medidas e implementado as medidas necessárias. Mas entendemos que é importantíssimo termos a aprovação da PEC do Orçamento de guerra de forma mais rápida e célere possível — disse o secretário.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus:

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDéficit públicoOrçamento federal

Mais de Economia

Brasileiros já gastaram R$ 68 bi em jogos on-line, e 1,3 milhão estão inadimplentes

Volta do horário de verão pode aumentar faturamento de bares e restaurantes em 15%, diz associação

Receita Federal abre programa para regularização de bens no Brasil e no exterior

Exclusivo: secretário da Prêmios e Apostas, Regis Dudena, é o entrevistado da EXAME desta sexta