Economia

Copom sobe juros para 14,75% e fim do ciclo de alta da taxa Selic segue incerto

Com a decisão dos diretores do Banco Central (BC), a taxa alcançou o maior valor desde agosto de 2006, no primeiro mandato de Lula

Membros do Copom: diretores do Banco Central não se comprometeram, explicitamente, com uma nova alta da taxa, mas deixaram a porta aberta para que os juros subam mais uma vez, caso necessário. (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)

Membros do Copom: diretores do Banco Central não se comprometeram, explicitamente, com uma nova alta da taxa, mas deixaram a porta aberta para que os juros subam mais uma vez, caso necessário. (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 7 de maio de 2025 às 18h38.

Última atualização em 7 de maio de 2025 às 18h55.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, nesta quarta-feira, 7. A decisão unânime era amplamente esperada pelo mercado e levou a Selic para o maior patamar desde agosto de 2006, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como esperado, os diretores do Banco Central (BC) não se comprometeram, explicitamente, com uma nova alta da taxa, mas deixaram a porta aberta para que os juros subam mais vez, caso necessário.

"Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação", informou o Banco Central, no comunicado após a reunião do Copom.

Condições para nova alta de juros

Os membros do Copom também apontaram o que será levado em consideração para elevar os juros, caso necessário. 

Segundo os diretores do BC, "a calibragem do aperto monetário" será guiado pelo objetivo de levar a inflação à meta, no horizonte relevante, que considera, neste momento, o intervalo entre maio e novembro de 2026. Na prática, a autoridade monetária está de olho na inflação do próximo ano, já que os efeitos da política monetária são defasados em até 18 meses. 

E para uma nova alta de juros será considerada a evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Preocupação com o cenário externo

O ambiente externo, avaliaram os diretores da autoridade monetária, continua "adverso e particularmente incerto" diante da política econômica nos Estados Unidos.

"A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da m​agnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária. Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão geopolítica", informou o BC. 

Segundo o BC, a conjuntura externa, em particular os desenvolvimentos da política comercial norte-americana, e a conjuntura doméstica, em particular a política fiscal, têm impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes.

"O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta", informou o BC.

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