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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira sua terceira reunião do ano sob expectativas de retomada do processo de aperto monetário para conter a alta da inflação, que ameaça chegar a 5,41% no final deste ano, de acordo com o boletim Focus divulgado hoje (26) pelo BC.
A perspectiva é de aumento da taxa básica de juros (Selic), como deixou transparecer a ata da última reunião do Copom, distribuída no dia 25 de março. A dúvida é quanto a dosagem. Enquanto o boletim Focus aponta para aumento dos atuais 8,75% para 9,25% ao ano, há prognósticos também para juros de 9,5%.
De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Evaldo Alves, estamos vivendo um processo de pressão inflacionária de modestas dimensões, e reconhece que alguns preços possam aumentar um pouco mais. Ele ressalta, no entanto, que existem instrumentos monetários à disposição dos condutores da política econômica para domar a inflação.
O aumento da taxa de juros é, segundo ele, um instrumento clássico, eficaz e rápido para o controle de pressões inflacionárias e entende que essa medida deveria ter sido tomada na reunião dos dias 16 e 17 de março, quando a inflação já demonstrava consistência. Ele acha que uma alta de 0,5 ponto percentual está de bom tamanho.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que o choque de preços de alimentos continua pressionando os índices de inflação, mas ressalta que no momento o cenário é mais ameno para os preços, embora subsistam preocupações quanto a uma demanda muito aquecida. Ele acredita também que a alta da Selic ficará na casa de 0,5 ponto percentual.
Ele lembra, inclusive, que a política monetária estará em destaque no Brasil e nos Estados Unidos, com perspectivas distintas. Enquanto aqui o Copom vai discutir a magnitude do aumento dos juros, a tendência do Comitê de Mercado Aberto (Fomc na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) é manter os juros norte-americanos em níveis excepcionalmente baixos [de até 0,25%] por um longo período.
A economista Maristella Ansanelli, do Banco Fibra, entende, porém, que a graduação da taxa de juros deve ser um pouco mais alta, na faixa de 0,75 ponto percentual. Isso porque, na sua visão, as pressões pontuais e localizadas do início do ano têm se mostrado persistentes, e contaminam os demais preços da economia.
Ela lembra que, na última reunião do Copom, as expectativas de inflação para os próximos 12 meses era de 4,55% e agora são de 4,73%, além de a perspectiva inflacionária de 2011 ter passado de 4,6% para 4,8%, de acordo com o boletim Focus.
Ela acredita, portanto, que há motivos suficientes para o BC alterar seu plano de voo inicial, que sinalizava alta de 0,50 ponto percentual em abril, e dar início ao ciclo de aperto monetário com uma alta mais expressiva da Selic, com elevação da taxa básica em 0,75 ponto percentual.