Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 10,25 por cento ao ano (Gustavo Gomes/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 6 de junho de 2017 às 09h21.
Última atualização em 6 de junho de 2017 às 09h24.
Brasília - O Banco Central reforçou que vê as incertezas sobre os ajustes na economia como fator de risco principal para a trajetória da inflação, segundo ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, na qual repetiu que a redução moderada do ritmo do afrouxamento monetário deve se mostrar adequada em sua próxima reunião, em julho, em função da crise política.
"O aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas", destacou o BC no documento.
Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 10,25 por cento ao ano, e já indicou que deve optar por corte menor da Selic em julho, reagindo ao delicado quadro político após delações de executivos da JBS colocarem em xeque o governo do presidente Michel Temer.
Na ata, o BC jogou luz sobre o debate sobre a conveniência dessa sinalização, necessária para dar "direcionamento e elementos para reduzir a incerteza (e o escopo de possibilidades) sobre a trajetória futura da política monetária", trouxe a ata.
"Os membros concluíram por sinalizar que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária deve se mostrar adequada em sua próxima reunião, mas ressaltar que esse ritmo continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação", acrescentou.
O presidente Temer, que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, também pode perder o cargo por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga nesta terça-feira se houve abuso de poder político e econômico na chapa presidencial composta com Dilma Rousseff em 2014.
Todo esse cenário levou o mercado futuro de juros a precificar chances de corte entre 0,5 e 0,75 ponto percentual na Selic no mês que vem. Ao fim desse ciclo de afrouxamento, apostam que a taxa básica de juros vai a cerca de 9 por cento.
Na ata, o BC reforçou o discurso de cautela ao citar em diversos trechos as incertezas que rondam o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira.
A respeito do avanço de preços na economia, o BC seguiu repetindo que o comportamento da inflação permanece favorável, mas ressalvou ser preciso acompanhar possíveis impactos do aumento de incerteza sobre a trajetória do IPCA.
No boletim Focus mais recente, feito pelo BC a partir de estimativas de uma centena de economistas, a perspectiva para a inflação em 2017 medida pelo IPCA caiu a 3,90 por cento. Para o ano que vem, ficou estável em 4,40 por cento.
Nos dois casos, seguem abaixo do centro da meta de inflação, de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual tanto para 2017 quanto para 2018.
A mediana das expectativas do mercado continua apontando para a Selic a 8,5 por cento ao ano ao fim de 2017.