Economia

Copom reduz Selic para 10,75% ao ano e deixa porta aberta para reduzir ritmo de cortes

Essa foi a sexta queda consecutiva da Selic, colocando a taxa no mesmo patamar de fevereiro de 2022. A decisão foi unânime

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 20 de março de 2024 às 18h38.

Última atualização em 20 de março de 2024 às 19h07.

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu nesta quarta-feira, 20, a taxa de juros brasileira (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Essa foi a sexta queda consecutiva da Selic, que voltou ao mesmo patamar de fevereiro de 2022. A decisão foi unanime.

O corte veio em linha com as projeções do mercado financeiro, que previa que o colegiado iria manter o ritmo de redução em uma estratégia de alívio da política monetária praticada nas últimas quatro reuniões de colegiado.

BC sinaliza que pode diminuir ritmo de cortes da Selic

Em nota, o BC informou que os membros do Comitê decidiram unanimemente comunicar que anteveem, se confirmado o cenário esperado, redução de mesma magnitude apenas na próxima reunião, em maio. O tom é diferente das reuniões anteriores, que falava em corte de 0,50 p.p. no plural, e uma sinalização de que o Copom pode diminuir o ritmo de corte atual no encontro de junho.

"O Comitê avalia que o cenário-base não se alterou substancialmente. Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião. O Comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", informou o BC, em comunicado após o Copom.

Como mostrou a EXAME, ex-diretores da autoridade monetáriaeconomistas e analistas de mercado apontaram que o BC poderia ser obrigado a sinalizar uma redução do ritmo de corte de juros em vista de diversas pressões inflacionárias que se materializaram nos últimos meses. A discussão que antes girava em torno de uma aceleração do ritmo de cortes para 0,75 ponto percentual, se tornou em um risco de redução dessa magnitude para 0,25 ponto percentual.

Desde a última reunião do comitê, os dados dos setores de serviços e varejo surpreenderam positivamente, além do resultado do IBC-Br, considerado a prévia do PIB, ser acima do esperado pelo mercado financeiro.

Segundo o último Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira, 19, a projeção da taxa de juros básica para 2024 é de 9%. Os economistas consultados mantém a expectativa inalterada há 12ª semanas. A estimativa para 2025 continuou em 8,50%, e a projeção para 2026 ficou em 8,50% pela 33ª semana.

Serenidade e moderação

O colegiado destacou ainda que o ambiente internacional segue volátil, enquanto indicadores internos seguem consistentes com a desaceleração da economia.

O Copom falou ainda em “serenidade e moderação” nos próximos passos da política monetária.

“A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, disse.

Como ficou a taxa Selic hoje?

O Copom reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano.

O que é a taxa Selic 2024?

A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear todos os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem investe.

Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.

É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo que são feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.

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