Economia

Copom mantém Selic em 2% ao ano na primeira reunião de 2021

A alta da inflação, no entanto, pode sinalizar aumentos de juros no futuro, o que já é projetado pelas instituições financeiras

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 19h02.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 20h55.

Na primeira reunião de 2021, nesta quarta-feira, 20, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juro, a Selic, a 2% ao ano, menor patamar da história. A taxa, fixada em agosto de 2020, foi mantida pela terceira vez consecutiva, apesar da alta da inflação. 

As instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central para o boletim Focus, pesquisa semanal divulgada pelo BC, já traziam perspectiva de manutenção da taxa. A alta da inflação, no entanto, pode sinalizar aumentos de juros no futuro, o que já é projetado pelas instituições. No acumulado de 2020, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 4,52%. A alta em dezembro foi de 1,35%, puxada por gastos com alimentação e preços administrados.

O "forward guidance”, ou orientação futura, foi retirado do comunicado do Copom. Ele dava a previsibilidade de que os juros continuariam baixos. Com o forward guidance adotado em agosto, o compromisso do Copom era não aumentar a Selic até que as expectativas de inflação se aproximassem das metas. “Segundo o forward guidance adotado em sua 232ª reunião, o Copom não reduziria o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições fossem satisfeitas. Em vista das novas informações, o Copom avalia que essas condições deixaram de ser satisfeitas", diz o comunicado.

Segundo o Copom, as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, "estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária". O comunicado diz ainda que a condução da política monetária seguirá a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva, sem forward guidance.

O Copom deixou claro que o fim do forward guidance não significa necessariamente aumento de juros. A decisão depende da conjuntura econômica. “O Comitê reitera que o fim do forward guidance não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade", diz o comunicado.

No começo deste ano, a inflação tem sido pressionada por aumento no preço das commodities, como petróleo e soja, e pela valorização do dólar frente ao real. A atividade econômica, por outro lado, têm mostrado sinais de enfraquecimento, na comparação com o fim de 2020. Um dos motivos é o fim do auxílio emergencial, que também contribui para segurar a inflação. 

Para fixar a taxa básica de juros, o Copom se baseia no sistema de metas de inflação. A meta central, em 2021, é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o IPCA ficar entre 2,25% e 5,25%. Para o ano que vem, a meta central é de 3,5%, e o índice pode ficar entre 2% e 5%. Em 2020, o país registrou a maior inflação desde 2016, com os 4,52%. A meta era de 4%, mas ficou dentro da margem.

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