Membros do Copom: decisão de manter os juros em 15% era amplamente esperada pelo mercado, que debate agora quando a autoridade monetária iniciará o ciclo de cortes (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 30 de julho de 2025 às 18h38.
Última atualização em 30 de julho de 2025 às 19h11.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira, 30, manter os juros em 15% ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado. Os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram preocupação com o tarifaço de 50% formalizado pelo presidente dos Estados Unidos, de Donald Trump e que o preço de commodities, como carne e café, podem cair.
Além disso, a autoridade monetária informou que a taxa de juros ficará neste patamar por um "período bastante prolongado", o que indica que a Selic deve permanecer, em 15%, pelo menos até o início de 2026.
"O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", informou o BC.
Segundo os diretores do BC, o ambiente externo está mais adverso e incerto em razão da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, diante das políticas comercial e fiscal adotadas por Trump.
"O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho", informou o BC.