Economia

Copom está mais perto de reduzir do que de aumentar os juros, diz ex-BC

Economista Carlos Thadeu de Freitas afirma que o Brasil não está imune à crise

Freitas: "Se Europa e Estados Unidos crescerem menos, para quem a China vai vender? (Cristina Bocayuva/CNC)

Freitas: "Se Europa e Estados Unidos crescerem menos, para quem a China vai vender? (Cristina Bocayuva/CNC)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2011 às 17h04.

São Paulo – A deterioração do cenário internacional definitivamente mudou as perspectivas para os juros no Brasil. Conforme EXAME.com mostrou na semana passada, a grande maioria dos analistas considera encerrado o ciclo de aperto monetário.

A taxa Selic está em 12,50% ao ano e o mercado previa – antes do pânico nas bolsas – mais um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para o fim deste mês. Porém, o boletim Focus desta semana já constata as mudanças nas projeções.

Com a experiência de já ter sido diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas é categórico. “A única coisa certa é que o ciclo já acabou. Está mais próximo de começar a baixar (os juros) do que estender a taxa atual.”

O economista acredita que a tendência seja de manutenção dos juros no próximo encontro do Copom. “Não vai reduzir na próxima reunião, mas provavelmente estamos com expectativa de queda nas outras reuniões.”

O cenário internacional, segundo Freitas, é de "baixo crescimento" nos Estados Unidos e na Europa. Logo, o mundo vai esfriar. “Se Europa e Estados Unidos crescerem menos, para quem a China vai vender mercadorias? Então, a China também vai crescer menos.”


Nesse contexto, a tendência é de queda nos preços das commodities, o que prejudica as exportações brasileiras. “A gente tem que estar com instrumentos anticíclicos preparados para ativar a economia como fizemos em 2008. O Brasil será menos atingido, mas não está imune”, diz o ex-diretor do Banco Central.

As armas disponíveis são as reservas internacionais, os depósitos compulsórios e os incentivos fiscais. “A nossa politica fiscal, apesar de não ser um primor, tem muito espaço para ser usada se compararmos com a situação dos países desenvolvidos”, diz Carlos Thadeu de Freitas, que atualmente é chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio.

Nesta terça-feira (9), o Federal Reserve (Banco Central americano) fará uma reunião para definir os rumos da política monetária. “O Fed deve injetar mais recursos na economia. O passo inicial será o anúncio de que eles estão preparados para fazer uma nova politica de compra de títulos americanos longos, se for necessário. Eles não vão sair comprando amanhã, só vão anunciar”, prevê o economista.

Apesar do rebaixamento da nota de crédito, os juros dos títulos do tesouro americano ainda vão continuar “relativamente baixos” porque o dólar não tem substituto no mundo. “Sem saída, os investidores continuarão procurando os títulos americanos”, diz Freitas.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomCrise econômicaCrises em empresasEndividamento de paísesEstatísticasIndicadores econômicosJurosMercado financeiroSelic

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs