Economia

Copom elevará Selic em 0,5 pp, para 14,75%, e deve deixar a porta aberta para nova alta

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, fez questão de reforçar na última semana que o momento é de cautela e que a desancoragem das expectativas de inflação preocupa o colegiado

Diretores do Banco Central: dúvida no mercado é quando a autoridade monetária encerrará o ciclo de alta de juros (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)

Diretores do Banco Central: dúvida no mercado é quando a autoridade monetária encerrará o ciclo de alta de juros (Raphael Ribeiro/ Banco Central/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 4 de maio de 2025 às 08h00.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá na próxima quarta-feira, 7, e elevará os juros em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano. A decisão é amplamente esperada pelo mercado após o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, sepultar as apostas de alta de 0,25 ponto percentual, após analistas interpretarem uma suposta suavização no discurso de diretores da autoridade monetária, o que poderia indicar uma redução do ritmo de aumento da Selic.

Ele afirmou, em dois eventos na última semana, durante palestra no banco Safra e durante a coletiva do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), que o momento é de cautela, diante da grande incerteza internacional, e da desancoragem das expectativas de inflação.

Com isso, é necessário “flexibilidade” para que os diretores do BC possam tomar a melhor decisão. Na prática, o presidente da autoridade monetária deixou a porta aberta para manter o processo de alta de juros.

“Na visão do BC e de todos os diretores, a comunicação anterior [de março] passou muito bem para esses 40 dias e segue vigente. Estamos respondendo a uma dinâmica de inflação desafiadora, o que justifica a extensão do ciclo [de alta dos juros]”, afirmou Galípolo, durante a coletiva do REF.

Dúvida sobre os próximos passos

No mercado, a dúvida é quando o BC encerrará o ciclo de alta de juros. Em relatório aos clientes, o C6 Bank afirmou que os indicadores mostram, por ora, poucas mudanças nos dados prospectivos para o cenário de inflação, apesar do aumento da incerteza do cenário externo.

Nas comunicações mais recentes, afirmou o C6, os diretores do BC mencionaram o aumento da incerteza do cenário externo e sinalizaram que nesse ambiente não faria sentido se comprometer com novos movimentos.

“Na nossa visão, o ciclo de ajuste da Selic deve seguir até junho, quando os juros alcançarão 15%. Não descartamos, no entanto, a possibilidade de a taxa ser menor, dadas as incertezas no cenário externo. Projetamos que a Selic se mantenha nesse patamar até o fim de 2026”, afirmou o banco.

Por outro lado, a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, afirmou que a alta de 0,5 ponto percentual da Selic na próxima quarta encerrará o ciclo de elevação da Selic.

“A mudança do cenário externo desde a última reunião indica um risco maior de desaceleração global e já observamos o impacto nos preços das commodities e no câmbio, com potencial redução de preços dos combustíveis no radar”, afirmou.

Segundo Rafaela, a incerteza ainda é elevada, mas o patamar de juros é bastante elevado e o choque da alta de três pontos percentuais nas últimas três reuniões ainda não foi sentido na economia. Nesse cenário, para a economista, o Copom pode deixar em aberto os próximos passos da política monetária, o que, considerando a evolução do cenário atual, não deve significar novas altas após a reunião de maio.

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