Economia

Copom eleva Selic para 5,25% ao ano, na quarta alta consecutiva

Com a decisão, a taxa básica de juros passa de 4,25% ao ano para 5,25%, dentro da expectativa do mercado

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, durante entrevista coletiva na sede do banco em Brasília, 9 de janeiro de 2020. (Adriano Machado/Reuters)

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, durante entrevista coletiva na sede do banco em Brasília, 9 de janeiro de 2020. (Adriano Machado/Reuters)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 18h48.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 19h01.

O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a meta da taxa de juro Selic em 1 ponto percentual (p.p.), de 4,25% para 5,25% ao ano, em decisão desta quarta-feira, 4.

Esta foi a quarta alta de juro desde março, quando a taxa ainda estava em 2% ao ano. Na última reunião, realizada em junho, o colegiado havia elevado a Selic em 0,75 p.p., deixando em aberto a possibilidade de um novo aumento de mesma magnitude ou maior, dependo das condições de mercado.

Com o IPCA de 12 meses acima de 8% e expectativas de inflação acima do centro da meta para 2022, opção foi um movimento mais duro, em linha com as expectativas do mercado. "A estratégia de ser mais tempestivo no ajuste da política monetária é a mais apropriada para garantir a ancoragem das expectativas de inflação", afirma o Copom em comunicado.

O comunicado ainda classifica a inflação ao consumidor como "persistente" e que os últimos indicadores mostram uma composição mais "desfavorável". "Destacam-se a surpresa com (...) inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais. O Comitê também cita a alta de preços dos alimentos e da conta de energia como "fatores [que] acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo."

Taxa Selic

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela também é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas podem conter a atividade econômica. Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Entretanto, as taxas de juros do crédito não variam na mesma proporção da Selic, pois a Selic é apenas uma parte do custo do crédito. Os bancos também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

Seguindo orientação da área de gestão de pessoas do BC, na semana passada, todos os membros do Copom foram testados para covid-19. O diretor Bruno Serra testou positivo e, portanto, não participará das sessões presenciais nesta terça e quarta-feira. “O diretor segue assintomático e desempenhando normalmente suas funções de maneira remota”, informou o BC.

Inflação em alta

Para 2021, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior é 5,25%.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, fecharia o ano em 5,82% no cenário base, com Selic em 6,25% ao ano e câmbio partindo de R$ 5,05.

Já a projeção do mercado é de uma inflação ainda maior, fechando o ano em 6,79%, de acordo com o último boletim Focus. É a 17ª alta consecutiva da previsão das instituições financeiras.

Em junho, a inflação desacelerou para 0,53%, depois de chegar a 0,83% em maio. Ainda assim, com o resultado, o IPCA acumula alta de 3,77% no ano, e 8,35% nos últimos 12 meses.

Os dados de julho devem ser divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na próxima semana, mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, registrou inflação de 0,72% no mês passado, a maior variação do IPCA-15 para um mês de julho desde 2004 (0,93%).

(Com informações da Agência Brasil)

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importante em tempo real.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomInflaçãoIPCASelic

Mais de Economia

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras