Economia

Copom eleva Selic em 0,5 pp, para 11,25% ao ano, e sinaliza novas altas de juros

A decisão dos diretores do Banco Central era amplamente esperada pelo mercado. Dúvida sobre tamanho do ciclo ainda persiste

Membros do Copom: diretores do BC foram unânimes na decisão de subir os juros em 0,5 ponto percentual ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)

Membros do Copom: diretores do BC foram unânimes na decisão de subir os juros em 0,5 ponto percentual ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 18h33.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 18h43.

Tudo sobreCopom
Saiba mais

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, nesta quarta-feira 6, aumentar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão era amplamente esperada pelo mercado. Mais uma vez, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que os juros devem voltar a subir, mas não se comprometeram com um percentual específico e nem com o tamanho do ciclo de alta. Os membros do colegiado também alertaram para os riscos fiscais no Brasil.

"O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", informou o Copom, no comunicado após a reunião.

Os diretores do BC também alertaram para um balanço de risco assimétrico, em que os riscos de alta da inflação são maiores do que os riscos de queda. Um deles chamou atenção. "Uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada", informou o BC. 

Na prática, o BC sinalizou que os riscos fiscais tem pressionaado o câmbio e o encarecimento da moeda estrangeira pode ser repassado para os preços de produtos e serviços.

Transição para a gestão Galípolo

A decisão desta quarta é a segunda alta consecutiva de juros e primeira desde que o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, foi confirmado pelo Senado como presidente da autoridade monetária a partir de janeiro de 2025.

Ele assumiu as rédeas da comunicação do BC em agosto e tem sido uma voz ativa na defesa do controle do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do atingimento das metas de inflação.

A próxima reunião do Copom, marcada para 11 e 12 de dezembro, será a última presidida por Roberto Campos Neto. Com o fim do mandato de Campos Neto, cabe a Galípolo buscar a ancoragem das expectativas de inflação, diante das incertezas fiscais que rondam o país.

Galípolo conta com a simpatia de Lula e sempre se preocupou em manter boas relações políticas no PT e em outros partidos.

Nas reuniões privadas que têm feito com analistas, banqueiros e empresários, Galípolo tem sinalizado  que não pretende adotar uma postura de alinhamento político e econômico ao governo. E que fará o que for necessário para controlar a inflação, mesmo que isso signifique subir os juros.

Acompanhe tudo sobre:CopomJurosSelicBanco Central

Mais de Economia

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês

Rui Costa diz que pacote de corte de gastos não vai atingir despesas com saúde e educação

Riscos fiscais à estabilidade financeira são os mais citados por bancos e corretoras, informa BC

Lula e Haddad voltam a se reunir hoje para discutir corte de gastos