Economia

Copom deve manter Selic estável com riscos menores à inflação

A tendência é que o BC não se comprometa com próximos passos para eventualmente realizar alterações de rota, disse José Carlos Faria, do BNP Paribas

Dólar caiu cerca de 10% desde a última reunião (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Dólar caiu cerca de 10% desde a última reunião (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 19h29.

Última atualização em 30 de outubro de 2018 às 19h43.

O Copom manterá a Selic estável em 6,5%, pela 5ª vez consecutiva, nesta quarta-feira, em meio a um cenário mais confortável para ativos passada a incerteza das eleições.

A taxa de câmbio mais baixa representam menor risco para eventual desancoragem das expectativas inflacionárias, num ambiente de atividade econômica ainda fraco e inflação sob controle.

Desde a última reunião do comitê, em 19 de setembro, o dólar caiu cerca de 10% até esta segunda-feira, tendo chegado a romper o nível de R$ 3,60 na última sessão, com a expectativa de que o governo do eleito de Jair Bolsonaro (PSL) realize uma gestão econômica pró-mercado.

Nesse período, as apostas do mercado para altas na Selic ainda neste ano minguaram de aproximadamente 100 pontos-base para menos de 10 pbs.

“Queda recente do dólar por conta da dinâmica eleitoral dá folga ao BC e o permite aguardar o andamento do cenário com maior clareza”, disse Roberto Secemski, economista do Barclays para Brasil, em entrevista por telefone. Na perspectiva do economista, o Banco Central não deverá elevar a taxa básica Selic neste ano.

Ainda assim, há alertas com os quais a autoridade monetária tem de se preocupar. "Existem riscos relevantes no horizonte, favorecendo a atual estratégia de manutenção dos graus de liberdade da política monetária", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Mizuho.

A interpretação do banco é que o Copom apontará melhora no balanço de riscos para a inflação "na direção da neutralidade”, contribuindo para que o BC, assim, não se comprometa com nenhuma orientação.

Para Isabela Guarino, economista da XP, os principais riscos às metas de inflação do BC são o cenário externo, desfavorável a emergentes, e a aprovação de reformas — que agora, com o governo Bolsonaro, têm mais chances de serem implementadas, na leitura dela. "Na última reunião existia um viés de tightening, acho que poderia ser retirado esse viés", disse ela.

Apesar de uma taxa de câmbio menos pressionada ser uma mudança relevante em relação à reunião anterior, a tendência é que o BC não se comprometa com próximos passos para eventualmente realizar alterações de rota, disse José Carlos Faria, chefe do departamento de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas. "Copom deve manter postura cautelosa, deixando porta aberta caso mude o cenário."

"BC vai esperar sinalização da pauta de reformas para ver se inicia ciclo de alta na última reunião ou deixa ciclo para o início de 2019", diz Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Novus Capital.

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