Banco Central: Copom inicia reunião nesta terça e mercado está dividido sobre o que os membros do colegiado farão. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 17 de junho de 2025 às 06h05.
O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira, 17, mais uma reunião com o mercado dividido entre a manutenção dos juros em 14,75% ao ano e mais uma alta de 0,25% ponto percentual. Essa divisão é retratada por alguns dados disponíveis.
A mediana das expectativas do Boletim Focus, por exemplo, aponta que os juros terminarão o ano no patamar atual, em 14,75%.
Por outro lado, o painel de probabilidades da B3 aponta que 56,5% das apostas em opções do Copom indicam alta da Selic de 0,25 ponto percentual. O dado considera as negociações feitas até 13 de junho.
Tanto o cenário doméstico quanto o externo, com uma guerra entre Israel e Irã, recomendam recomenda a manutenção da Selic no patamar atual de 14,75% ao ano, afirmou o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, em relatório. Segundo ele, uma "derradeira" alta de 0,25 ponto percentual teria impacto marginal limitado, considerando o aperto já vigente das condições financeiras.
"Julgamos que a recente comunicação mais dura (hawk) de membros do Comitê em discursos públicos, visa fortalecer o “high for long” a fim de otimizar a transmissão da política monetária mantendo a ponta longa da curva de juros relativamente alta", disse.
Segundo Oliveira, os juros ficarão inalterada no atual patamar de 14,75% por período relativamente longo e que eventual ciclo de corte da taxa de juros começará apenas quando as expectativas e projeções para a inflação no horizonte relevante se aproximem do centro da meta.
O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) revisou a projeção e passou a considerar uma alta de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom que começa nesta terça. Segundo a economista Iana Ferrão, desde a última decisão do colegiado, os indicadores divulgados apontaram atividade resiliente e inflação de serviços ainda elevada, em um contexto de expectativas desancoradas, o que reforça a necessidade de um ajuste residual.
Segundo ela, até a reunião de julho, os sinais de moderação da atividade estarão mais evidentes, permitindo o encerramento do ciclo de alta. O BTG espera, ao longo do segundo semestre, desaceleração gradual da atividade, mas o hiato do produto seguirá positivo e a inflação de serviços em 12 meses permanecerá próxima dos níveis atuais.
"Com a consolidação da moderação da demanda, estimamos que a inflação de serviços iniciará trajetória mais consistente de convergência no início de 2026, criando condições para o início do ciclo de flexibilização no primeiro trimestre do próximo ano. Ressaltamos, contudo, que uma eventual resposta fiscal expansionista à desaceleração da atividade poderá reduzir a efetividade da política monetária, atrasar o processo desinflacionário e postergar o início do ciclo de cortes" afirmou.
Para a economista, o Copom deve aproveitar este momento para reforçar o compromisso com a convergência da inflação à meta, realizando um ajuste residual.
"Em ambiente de expectativas desancoradas e inflação subjacente ainda pressionada, um movimento adicional pode fortalecer a credibilidade da política monetária, contribuindo para a ancoragem das expectativas e para a consolidação do processo de desinflação com menor custo prospectivo", disse.