Economia

Copom começa reunião de dois dias e pode cortar novamente os juros

Após uma série de cortes de juros em diferentes países, começa nesta terça-feira as discussões do Copom sobre a taxa Selic

Dinheiro: juros da economia estão atualmente em 4,25% (DircinhaSW/Getty Images)

Dinheiro: juros da economia estão atualmente em 4,25% (DircinhaSW/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2020 às 06h08.

Última atualização em 17 de março de 2020 às 11h34.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se prepara para uma das decisões mais importantes de 2020. Em fevereiro, o Brasil tornou-se o país que mais cortou juros em um ano, numa lista de 15 países, ao reduzir a Selic ao piso histórico de 4,25% em um ano, ficando atrás apenas da Turquia.

Agora, em meio ao avanço da pandemia de coronavírus, o Copom se reúne novamente para uma decisão histórica. As discussões começam nesta terça-feira, 17. O veredicto sai na quarta-feira 18.

A estimativa mais recorrente é de um corte de 0,5 ponto percentual na Selic. A resolução deve acompanhar um movimento do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, que baixou a taxa de juro americana duas vezes em menos de duas semanas em função do coronavírus.

Primeiro, no dia 3 de março, a redução foi de 0,5 ponto percentual. No domingo 15, o comitê se reuniu novamente para redução de 1 ponto – a taxa americana passou de zero a 0,25%.

“O Fed está tentando reagir a uma crise que a política monetária tem muito pouco o que fazer. Cortar os juros agora só aumenta a volatilidade ao jogar mais dinheiro na mesa de uma economia que precisa de respostas objetivas e diretas, não de maneira difusa, como é o efeito esperado da política monetária. A hora é de políticas fiscais, não de afrouxamento monetário”, escreveu André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota publicada na segunda-feira 16. De imediato, os mercados financeiros reagiram mal à decisão, com bolsas fechando em queda.

A mesma dúvida se aplica ao Brasil. As evidências, por ora, apontam que os cortes de juros emergenciais têm pouco efeito na economia real. Grandes empresas e multinacionais já informaram que a produção nos países mais atingidos pelo coronavírus está praticamente parada. Nesse cenário, juros baixíssimos não fazem diferença.

O isolamento social e a restrição de deslocamento de pessoas para combater a proliferação do vírus também afetam drasticamente o consumo.

Na Europa, que se tornou o epicentro da pandemia, uma série de países está em quarentena coletiva. A previsão é que os mais atingidos entrem em recessão ainda no primeiro semestre do ano, com o consumo e a produção industrial em queda.

No Brasil, com 234 casos confirmados, a expectativa é que o contágio se espalhe dramaticamente, como aconteceu em outros países. Só no estado de São Paulo a expectativa é de mais de 50.000 infectados, num cenário otimista, que terão de ficar de quarentena. Os idosos já estão sendo aconselhados a ficar em casa. O governo também orientou a população a não frequentar lugares com muita gente, como bares e restaurantes, o que já vem causando prejuízos ao setor.

O varejo também deverá ser atingido, assim como as companhias aéreas e o setor de turismo. Permanece, portanto, a discussão sobre a real eficácia da redução da taxa de juro. Resta aguardar e acompanhar o comportamento da economia – e do vírus.

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