Comprador observa as bandeiras brasileira e chinesa (©AFP / yasuyoshi chiba/AFP)
Mariana Desidério
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 11h26.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 12h26.
A China continua interessada no Brasil e quer mais qualidade na relação entre os dois países. Essa foi a mensagem do novo embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, em evento com empresários promovido pelo LIDE China nesta quarta-feira, na primeira visita do embaixador a São Paulo.
O reforço no interesse ocorre um dia após o governo dos Estados Unidos divulgar um entendimento comercial com a China que pode prejudicar o Brasil.
"Nossa cooperação entra em uma nova fase, que valoriza a qualidade e ganha nova escala, incluindo produtos brasileiros de alto valor agregado e investimentos em manufaturas avançadas, tecnologia e maior cooperação financeira", disse o embaixador. Dentre os setores destacados estão o comércio, infraestrutura, agronegócio e tecnologia.
"Em primeiro lugar, queremos ter um movimento mais fluido do comércio, incrementar o valor agregado dos produtos. Também queremos intensificar a cooperação no agronegócio, aprofundar a cooperação industrial, no setor de energia, refino de petróleo, e também no setor de construção. O Brasil tem necessidade de investir em infraestrutura, e podemos incrementar as sinergias no setor", afirmou.
O embaixador falou ainda sobre o contato que teve com o governo brasileiro. "O presidente manifestou que o novo governo vai se dedicar para ampliar o relacionamento com a China", disse.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, mas a relação ficou um pouco estremecida pela retórica anti-China do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Os interesses comerciais do país asiático em escala global também podem prejudicar a relação com o Brasil.
Nesta semana, em meio às guerra comercial, o secretário de Agricultura dos EUA divulgou via Twitter que “os chineses se comprometeram a comprar mais 10 milhões de toneladas de soja americana”. Segundo o Financial Times, o acordo incluiria maior importação por parte dos chineses de soja, carne bovina e aves. Todos produtos que fazem parte das relações comerciais entre Brasil e China.
No evento desta quarta-feira, representantes do governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo ressaltaram a expectativa de contar com investimentos chineses nos planos de desestatização estadual e municipal. "Temos uma carteira ampla na área de infraestrutura que será levada à iniciativa privada", disse o vice-governador do Estado Rodrigo Garcia.