Economia

Continuidade da agenda política dá o tom de otimismo do evento do BTG

A notícia traz certo alívio para os agentes do mercado que antecipam problemas e oportunidades; no momento, Ibovespa cai 1,31% e dólar sobe 0,5%

Evento do BTG: 3 mil executivos e investidores participam nesta terça-feira (Alan Teixeira/Divulgação)

Evento do BTG: 3 mil executivos e investidores participam nesta terça-feira (Alan Teixeira/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 13h51.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2020 às 16h49.

São Paulo - Em um salão com mais de 3 mil executivos e investidores, em evento realizado pelo BTG Pactual*, lideranças deram o tom de que a agenda política está em andamento, mesmo com os percalços que podem afetar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), como a disseminação do coronavírus. A notícia traz certo alívio para os agentes do mercado financeiro que tentam antecipar problemas e oportunidades em suas operações diárias.

No momento, o Ibovespa cai 1,31% para 113.797 pontos, puxado pelo cenário internacional que está em alerta desde que a fabricante Apple anunciou que não vai atingir a meta de faturamento por causa do coronavírus. O dólar comercial segue na mesma toada e sobe quase 0,5% para 4,35 reais, se aproximando da máxima intradia de 4,38 reais do dia 13 de fevereiro.

O ponto é que, diferentemente de outras épocas, “a alta do dólar frente ao real não deve comprometer o crescimento econômico do Brasil", afirmou Fábio Kanczuk, diretor de política econômica do Banco Central, na manhã desta terça-feira. "Tipicamente, no Brasil, o câmbio apreciado significava menos crescimento econômico. Mas a razão era outra. O credit default swap (papel que funciona como um seguro contra calote de países) subia por causa de alguma crise e isso acabava contaminando o câmbio e destruindo o crescimento”, disse.

A confirmação disso deve vir depois do carnaval, quando Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional, vai divulgar o resultado primário (diferença entre receitas e despesas do governo, excluindo-se da conta as receitas e despesas com juros). Segundo ele, o orçamento será “espetacular”. Um dos motivos para isso é que houve mudança na classificação das despesas. “A verba de despesas obrigatórias tinha sido reduzida e alguns ministérios tinham que pagar despesas discricionárias (que não são obrigatórias), então, colocaram como emenda. Isso está sendo revertido. Conversamos com o Congresso e eles vão reverter parte do que foi feito em relação à despesa discricionária”, explica Almeida.

Entre as agendas prioritárias para 2020, está a aprovação dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A regra atual vigora até o fim de 2020 e, portanto, precisa ser renovada ainda neste ano para ter continuidade. A educação é setor primordial para que haja formação de mão de obra capacitada, essencial para aumentar a produtividade do país e permitir que o Brasil seja competitivo. 

A princípio, para Tânia Cosentino, CEO da Microsoft, o Brasil está fadado a fracassar na disputa pelo posto de liderança em inteligência artificial. Isso porque há baixo interesse dos brasileiros por matemática. “No índice de pessoas graduadas [no Brasil], somente 15% são da área de exatas, enquanto a China está beirando os 40%. Vamos perder a batalha da inteligência artificial”, afirmou a executiva. Ela também chama a atenção para a pequena participação feminina no segmento. “Desses 15%, somente 15% são mulheres.”

Antes da votação do Fundeb, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, acredita que é importante votar o piso de reajuste na educação. Isso porque pode levar a uma elevação exacerbada nas contas dos estados.

"O conflito dos governadores com presidente tem que ser tratado com o presidente. Uma coisa não influencia na outra", disse Maia. Ele se refere à carta aberta que vinte governadores assinaram em que criticam Jair Bolsonaro por fazer declarações que “não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”.

Eles citam os comentários de Bolsonaro em que desafiou que os chefes dos Executivos estaduais para que reduzissem, segundo a carta, “impostos vitais à sobrevivência dos Estados”. Recentemente Bolsonaro havia dito que zeraria os impostos federais sobre combustíveis se todos os governadores abrissem mão do ICMS sobre os produtos.

* Controlador de EXAME

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