Economia

Carga tributária deve aumentar até 15% para prestadores de serviço, diz CSO da Contabilizei

Segundo o contador Charles Gularte, do escritório especializado em pequenas empresas, simulações sobre os impostos com a reforma tributária projetam aumento principalmente no setor de serviços

Charles Gularte participa de webinar sobre a reforma tributária realizado nesta sexta-feira, 25, pela EXAME em parceira com a Contabilizei

Charles Gularte participa de webinar sobre a reforma tributária realizado nesta sexta-feira, 25, pela EXAME em parceira com a Contabilizei

Publicado em 25 de abril de 2025 às 12h20.

Última atualização em 25 de abril de 2025 às 14h25.

A reforma tributária pode trazer impactos significativos para os prestadores de serviço, especialmente os de menor porte. Segundo simulações realizadas até o momento e apresentadas por Charles Gularte, contador e Chief Services Officer (CSO) da Contabilizei – escritório de contabilidade com mais de 70 mil clientes – a expectativa é de um aumento médio de 15% na carga tributária para esse segmento.

De acordo com o Gularte, a projeção vem acendendo um sinal de alerta entre micro e pequenos empreendedores. "Esse é o momento de fazer simulações, olhar para os contratos e entender em que ponto será necessário renegociar para manter a sustentabilidade dos negócios", afirmou.

A afirmação foi feita durante webinar sobre a reforma tributária realizado nesta sexta-feira, 25, pela EXAME em parceira com a Contabilizei. O especialista destaca que apesar da proposta trazer avanços como a simplificação do sistema e o princípio da neutralidade — em que todos os setores passam a ser tributados com a mesma alíquota —, os prestadores de serviço devem sentir os maiores impactos.

Isso porque, diferentemente da indústria e do comércio, eles utilizam poucos insumos em sua atividade. Na prática, isso significa menos créditos tributários a serem aproveitados no novo modelo, baseado na lógica de crédito e débito ao longo da cadeia. Além disso, no novo sistema de imposto, as empresas do Simples Nacional não terão acesso ao crédito tributário.

"As empresas do Simples Nacional, que já têm um regime diferenciado, não vão conseguir gerar crédito para seus compradores. E isso pode afetar diretamente sua competitividade, já que o custo do serviço pode ficar mais alto na ponta", explica o CSO da Contabilizei.

Mesmo a possibilidade de que um negócio opte pelo modelo híbrido, em que empresas do Simples gerem crédito e pagam os impostos por fora, com aumento de carga tributária, ainda traz incertezas quanto à viabilidade de preços e à competitividade no mercado, principalmente no setor de serviços, que representa cerca de 70% da economia brasileira.

"Como esses profissionais têm poucos insumos, eles terão menos créditos a aproveitar e estarão sujeitos a uma alíquota igual à de outros setores. O efeito disso é direto no preço final. Eles terão que decidir entre absorver esse aumento ou repassá-lo aos clientes — e, nesse processo, avaliar se continuam competitivos", disse Guarte.

Como se preparar para a reforma tributária sendo pequeno negócio

O especialista avalia que a reforma tributária é positiva como um todo por trazer simplificação. Mas adverte que o novo sistema traz efeitos indiretos principalmente para os pequenos negócios que têm menor poder de barganha nas negociações.

"A reforma preserva o tratamento diferenciado [para empresas do Simples Nacional], mas, na prática, esses empresários serão impactados indiretamente. Eles precisam entender quem são seus clientes, em que ponto estão na cadeia produtiva e qual regime tributário adotar para continuar sendo viáveis", afirma.

A recomendação da Contabilizei é que os empreendedores comecem desde já a se preparar. "Este é o momento de fazer simulações, entender como a nova tributação afeta cada operação, rever contratos e dialogar com os clientes. O cenário vai exigir mais estratégia para manter a rentabilidade e a competitividade dos pequenos negócios", conclui.

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