Praça de São Pedro, no Vaticano: o bloqueio do uso de cartões de crédito internacionais no Vaticano desde 1º de janeiro afeta 80 pontos dentro do pequeno estado (REUTERS World)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2013 às 12h00.
Cidade do Vaticano - Uma conta aberta pelo Instituto para as Obras da Religião (IOR) em um banco alemão e por onde circulam em um ano 40 milhões de euro, cuja procedência está sendo investigada, levou o Banco da Itália a bloquear o uso de cartões de crédito no Vaticano, informou nesta segunda-feira o jornal "Corriere della Sera".
A publicação italiana afirmou que o bloqueio do uso de cartões de crédito internacionais no Vaticano desde 1º de janeiro afeta 80 pontos dentro do pequeno estado, como museus, farmácias, supermercado e lojas, que estão sofrendo com uma queda nas vendas, pois agora só é possível pagar em dinheiro vivo.
Segundo a Unidade de Informação Financeira (UIF) do Banco da Itália todos os pagamentos feitos nestes 80 locais vão para uma única conta aberta pelo IOR, conhecido como o Banco do Vaticano, numa agência do Deustsche Bank.
O IOR, informou o diário, não pediu autorização ao Banco da Itália para instalar os dispositivos eletrônicos nos pontos de vendas e há ano e meio um grupo de juízes italianos, liderados pelo promotor Nello Rosi, informou sobre a irregularidade ao Banco da Itália.
Em setembro de 2011, o IOR pediu essa autorização. O Banco da Itália ordenou uma inspeção e em 11 de setembro havia no fundo um saldo de 10 milhões de euros.
Uma investigação mostrou que pela conta circulou nos últimos doze meses mais de 40 milhões de euros, "dinheiro do qual não se sabe praticamente nada", informou o jornal.
"O problema é sempre o mesmo: não se conhece o titular efetivo do depósito e sobretudo quem tem poder para operar nessa conta e por isso não se podem aplicar as normas contra lavagem de dinheiro", disse a publicação.
Por enquanto não se sabe o tempo que durará o bloqueio do uso de cartões eletrônicos, que segundo a imprensa italiana, não será curto. Apenas os cartões emitidos pelo IOR, usados pelos funcionários do Vaticano, podem ser usados utilizados atualmente.
Segundo disse há vários dias o porta-voz do Vaticano, o jesuíta Federico Lombardi, a questão é um "problema técnico" e se espera que a interrupção dos pagamentos com os cartões eletrônicos seja breve.
Em 30 de dezembro de 2010, Bento XVI aprovou uma lei para lutar contra a lavagem de dinheiro nas instituições financeiras do Vaticano, com o objetivo de entrar na chamada "lista branca" de Estados que respeitam as normas para a luta contra este crime.