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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.
O consumo dos brasileiros transformou-se na grande incógnita do empresariado paulista. A incerteza sobre a demanda do consumidor foi apontada por 75% dos entrevistados de uma pesquisa realizada no fim de março pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para eles, a evolução negativa na demanda interna poderá impedir o cumprimento dos investimentos - em capacidade, em treinamentos, em aprimoramento para aumentar a participação de mercado - programados para este ano.
Realizada em dezembro do ano passado com a mesma amostra de 72 sindicatos patronais de diferentes setores, a edição anterior do levantamento mostrava um percentual mais baixo. Eram 57% dos entrevistados preocupados com a evolução da demanda doméstica. Para Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, o resultado da pesquisa mostra que não existe inflação de demanda (aumento de preços provocado pelo consumo em alta) e que o Banco Central (BC) agiu com uma ortodoxia exacerbada ao manter os juros inalterados de dezembro a fevereiro.
Em outra pesquisa, realizada pela Fiesp com 405 empresários paulistas também em março, a federação detectou a mesma percepção a respeito do mercado doméstico. Quanto perguntados sobre as oportunidades que vislumbravam em 2004, 84% responderam o "aquecimento do mercado interno". Ou seja, por ser uma grande dúvida, o consumo dos brasileiros é considerado um forte risco para os investimentos mas também uma grande oportunidade para se conquistar altas taxas de crescimento. "Isso também mostra que o resultado das exportações já é dado como certo", afirmou o diretor da Fiesp.
Apesar de 2004 não ter deslanchado o espetáculo do crescimento como se queria, os empresários não mostram desânimo, na avaliação de Vaz. "Mesmo com a crise política, não se vê deterioração das expectativas. Como o mercado externo está forte, as pessoas acreditam no crescimento da indústria." Apesar de as perspectivas serem positivas e de 71% dos empresários mostrarem-se confiantes no sucesso dos negócios, a maioria dos setores (66%) não irá revisar os planos a fim de aumentar os investimentos em 2004. Em dezembro, 42% consideravam essa alternativa.
Para crescer, a saída encontrada por 41% dos entrevistados é reduzir a margem de lucro, o que será inevitável se o receio com o aumento dos custos junto aos fornecedores (previsto por 84% dos entrevistados) se confirmar.