Cigarros da família Quesada na República Dominicana: exportações aumentando (Bloomberg/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 29 de dezembro de 2020 às 14h39.
Última atualização em 29 de dezembro de 2020 às 15h21.
Fumantes em quarentena ao redor do mundo têm contribuído para os ganhos do setor de charutos e tabaco da República Dominicana.
Já o maior produtor de charutos do mundo, o país caribenho deve exportar um recorde de US$ 1 bilhão em produtos de tabaco neste ano. O valor representaria um aumento de 6% sobre os US$ 942 milhões vendidos no exterior em 2019, segundo dados do governo.
A indústria de charutos emergiu como um ponto positivo para a maior economia da região, que deve encolher 5,5% em 2020, já que os importantes setores de turismo e serviços foram atingidos por restrições relacionadas ao coronavírus.
Como os aficionados globais de charutos não podem frequentar bares e restaurantes, agora gastam mais dinheiro e tempo com o hábito de fumar, disse Hendrik Kelner, presidente da Associação de Fabricantes de Charutos Dominicanos.
“Inicialmente, ficamos muito preocupados, porque vimos todas essas lojas e fumódromos fechando - alguns deles para sempre”, disse o executivo por telefone da República Dominicana. Mas as vendas rapidamente migraram para o comércio online e têm sido fortes, afirmou. “Apesar de tudo, observamos fortes níveis de exportação - o setor de tabaco não está sendo prejudicado.”
Se as exportações de tabaco dominicanas ultrapassarem a marca de 10 dígitos neste ano, se tornarão o quinto setor do país a exportar US$ 1 bilhão, juntamente com o ouro, produtos elétricos, têxteis e aparelhos médicos, de acordo com dados do banco central.
A República Dominicana é considerada um dos berços do charuto; os habitantes enrolavam e fumavam tabaco séculos antes de Colombo colocar os pés na ilha. Quando Cuba nacionalizou a indústria de charutos durante a revolução de 1959, muitos dos principais produtores se mudaram para a ilha vizinha, impulsionando a indústria dominicana.
Desde então, o setor cresceu em meio à consolidação, diversificação e investimento estrangeiro, disse Ebell de Castro, diretor de desenvolvimento de Zonas Francas e Parques Industriais do Ministério da Indústria.
Em 2018, a Swisher - fabricante dos Swisher Sweets e charutos premium - transferiu parte da produção dos Estados Unidos para a República Dominicana. No início do ano, a Imperial Brands vendeu sua fábrica de charutos premium dominicana para um grupo de investidores de private equity como parte de um acordo de US$ 1,5 bilhão.
O aumento das exportações de charutos ocorre quando o consumo de todos os tipos de drogas aumenta durante as medidas de restrições de mobilidade, mesmo que algumas delas possam deixar os usuários mais suscetíveis a complicações da Covid-19. No entanto, Kelner não está surpreso com a resiliência dos chamados “puros”.
“Um charuto”, disse, “é como um amigo fiel que o acompanha quando os tempos são difíceis e você se sente sozinho”.