Economia

Consumo de café no Brasil cresce 3,11% em 10/11

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, é o segundo consumidor global do produto atrás dos EUA

Café Gourmet (Sean Gallup/ Getty Images)

Café Gourmet (Sean Gallup/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2012 às 20h19.

São Paulo - O consumo de café no Brasil cresceu 3,11 por cento no ano 2010/11 (novembro/outubro), na comparação com o período anterior, para um recorde de 19,72 milhões de sacas, informou nesta terça-feira a Abic, entidade que reúne a indústria.

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, é o segundo consumidor global do produto, atrás dos EUA, tendo consumido no período 2010/11 um volume equivalente a pouco menos da metade de sua última safra, que foi a de baixa no ciclo bianual do arábica. A maior parte da produção é exportada.

O consumo ficou cerca de 3 por cento abaixo da expectativa do setor anunciada no início do ano passado, de 20,27 milhões de sacas, com produtos concorrentes da bebida avançando em potenciais consumidores de café, explicou a Abic.

"Houve crescimento grande em sucos... mas ainda assim o (consumo do) café cresceu porque houve melhora na qualidade", disse o presidente da Abic, Américo Sato, a jornalistas.

Enquanto a penetração do café no consumo doméstico no Brasil permaneceu elevada, em 95 por cento (mas estável), outros produtos como sucos prontos e bebidas à base de soja ganharam espaço no café da manhã do brasileiro, de acordo com estudo da Kantar Worldpanel citado pela Abic.

Questionado se o aumento do preço do café de cerca de 20 por cento nos supermercados durante o ano passado -segundo dados da Abic- teria impedido a indústria de atingir sua meta, Sato refutou a hipótese.

"O café é ainda uma das bebidas mais baratas, mais do que a água, por isso o consumo do café deve continuar crescendo", disse ele, acrescentando que a indústria ainda não terminou de repassar o aumento dos preços internacionais, que dispararam em 2011.

"Realmente a matéria-prima sofreu um aumento grande, de mais de 70 por cento... e a indústria repassou no máximo 20 por cento... Há uma necessidade de repassar uma parte desse aumento, e acreditamos que isso vai acontecer aos poucos", acrescentou Sato, ponderando que uma safra recorde esperada para o Brasil neste ano pode limitar as altas.

Qualidade - Considerando que café já está em 95 por cento dos lares brasileiros, a indústria aposta na qualidade para ampliar o consumo, em meio ao crescimento da renda da população.

"Com o aumento do poder aquisitivo, as pessoas têm escolhas, o produto passa de uma necessidade para ser algo que dá prazer, então o aumento de preço passa a ser algo relativo", disse o vice-presidente da Abic, Bernardo Wolfson, também presidente-executivo da Melitta no Brasil.

A Abic tem buscado melhorar a qualidade do café torrado e moído vendido no Brasil há mais de 20 anos. E mais recentemente implantou o Programa de Qualidade do Café (PQC), que visa identificar na embalagem os atributos do grão, facilitando a escolha dos consumidores por meio da diferenciação do produto (dividido em categorias Gourmet, Superior e Tradicional).

"No ano 2000, não havia nenhuma marca Gourmet nos supermercados... hoje temos cem cafés gourmets", disse o diretor-executivo da Abic, Nathan Herskowicz, citando durante o evento os resultados do trabalho da entidade.

A Abic informou ainda que o consumo per capita de café torrado no Brasil em 2011 atingiu recorde de 4,88 quilos, contra 4,81 quilos no ano anterior. Esse volume ainda está bem abaixo da demanda per capita dos países nórdicos, com um volume próximo de 13 kg, mas supera o registrado em países como Estados Unidos e Itália.

EUA ainda distante - Para 2012, a Abic projeta um crescimento de 3,5 por cento no consumo brasileiro, o que elevaria a demanda interna para 20,4 milhões de sacas. Para 2013, entidade tem uma meta de 21 milhões de sacas, o que ainda deixaria o Brasil distante dos Estados Unidos, o maior consumidor.

Os EUA consomem anualmente cerca de 23 milhões de sacas, observou o executivo, citando dados do governo norte-americano.

"É uma corrida de gato e rato", disse Herskowicz, lembrando que o consumo nos EUA também está crescendo, embora a níveis inferiores ao do Brasil.

O consumo no Brasil também tem aumentado acima da média mundial, que é de 1,5 a 2 por cento ao ano, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC).

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