De dezembro de 2010 a maio deste ano, a média diária dos empréstimos no cheque especial aumentou 3,9% e no cartão de crédito, 4% (Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2011 às 10h31.
São Paulo - Depois da farra de compras que levou o brasileiro a atingir elevados níveis de endividamento, o consumidor agora está recorrendo a linhas de crédito mais caras, porém automáticas, como cheque especial e cartão de crédito, para cobrir outras dívidas.
Entre dezembro de 2010 e maio deste ano, o último dado disponível, as duas únicas linhas de crédito com recursos livres destinados a pessoa física que registraram crescimento na média diária de novas concessões foram o cheque especial e o cartão de crédito, revela um estudo feito pela LCA Consultores.
A análise considera as informações do Banco Central (BC), desconta as influências típicas de cada mês e a inflação do período.
De dezembro de 2010 a maio deste ano, a média diária dos empréstimos no cheque especial aumentou 3,9% e no cartão de crédito, 4%. Em contrapartida, a aprovação de financiamentos para compra de veículos caiu 2,3% em igual período e o crédito pessoal teve retração de 9,4%.
"O aumento do uso do cheque especial e do crédito rotativo, num primeiro momento, são alternativas usadas para o consumidor não se tornar inadimplente", afirma o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
Se o mercado de trabalho está aquecido e a renda é crescente, Borges observa que há uma aparente contradição na maior procura pelas linhas de crédito emergenciais. O que explica esse movimento, segundo o economista, é o endividamento excessivo do consumidor. "Existia um clima de euforia na economia brasileira que fez com que as pessoas assumissem dívidas além do nível considerado ótimo."
Essa também é a avaliação do economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas. "O problema hoje é o excesso de consumo sem critério", diz o economista. Ele ressalta que o fluxo de caixa do consumidor piorou especialmente porque, na virada de abril para maio, a inflação aumentou e corroeu uma parte da renda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.