Obra em São Paulo: FGTS financiou quase metade das construções do programa Minha Casa Minha Vida nos últimos três anos (Alexandre Battibugli/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2019 às 06h42.
Última atualização em 22 de julho de 2019 às 08h09.
Enquanto o Congresso está em recesso, o tema dos próximos dias passa de reforma da Previdência ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Representantes do setor da construção civil e a equipe econômica do governo discutem nesta segunda-feira, 22, os últimos detalhes para a liberação do saque de parte do FGTS aos trabalhadores, cujo plano detalhado está previsto para ser anunciado na próxima quarta-feira, 24.
O governo pode disponibilizar 42 bilhões de reais do fundo, como forma de estimular a economia. Mas o setor de construção civil argumenta que liberar os saques desaceleraria o Minha Casa, Minha Vida, programa de moradias populares do governo federal no qual o FGTS dos trabalhadores costuma entrar como parte do financiamento. Nos últimos três anos, 44% das moradias do programa foram financiados pelo FGTS.
Foram justamente as discussões com a construção civil que levaram o governo a adiar o anúncio do plano para os saques, previsto inicialmente para a última quinta-feira, 18.
Líderes do setor da construção civil, como Rubens Menin, dono da MRV, e Ricardo Valadares Gontijo, presidente da Direcional Engenharia, foram pessoalmente se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro (que os recebeu fora da agenda).
Enquanto isso, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), José Carlos Martins, reclamou com o ministro da Casa-Civil, Onyx Lorenzoni, por não ter sido consultado pelo ministério da Economia.
A liberação do FGTS já havia sido feita em 2017 pelo presidente Michel Temer, que liberou 44 bilhões de reais, também como forma de estimular a economia. Os empresários questionam que, na ocasião, a construção civil já sofreu um baque, e que novo saque agravaria mais a situação.
Menin, da MRV, disse ao UOL que espera que o governo não tome nenhuma medida “estabanada” que prejudique a liquidez do FGTS.
Um estudo Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) aponta que a cada 100.000 reais sacados do fundo, uma moradia deixa de ser construída, o que implica em mais de 400.000 casas a menos caso a proposta dos saques avancem. Martins, da CBIC, afirmou que ter parte do FGTS retirado tiraria 500.000 empregos do setor.
Defensores da liberação dos saques, por outro lado, afirmam que o FGTS, hoje com cerca de 400 bilhões de reais, é um fundo que rende pouco e que o trabalhador faria melhor uso do dinheiro podendo retirá-lo para outros fins.
O governo ainda não anunciou a quantia que liberará para os saques ou a periodicidade com que o dinheiro poderá ser retirado. Mas as próximas conversas com a construção civil, certamente, serão decisivas para o texto final.