Economia

Conselho do Brasil ao mundo desenvolvido soa "hipócrita", diz FT

Jornal critica os comentários de Dilma contra os impostos na Europa e a voz do Brasil como conselheiro do mundo desenvolvido

Financial Times também relembrou da crítica da presidente contra o protecionismo, que vai contra o recente aumento do IPI (Spencer Platt/Getty Images)

Financial Times também relembrou da crítica da presidente contra o protecionismo, que vai contra o recente aumento do IPI (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 07h51.

São Paulo - O jornal Financial Times ironizou nesta terça-feira os conselhos fiscais que a presidente Dilma Rouseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vêm dando ao mundo desenvolvido para resolver a crise. "Soa um tanto hipócrita", afirma o blog beyondbrics. O texto, de Samantha Pearson, se refere principalmente às declarações de Dilma ontem em Bruxelas, na Bélgica. "Sim, você leu certo. O país que está em 152º lugar no ranking do Banco Mundial por seu pesado sistema tributário está dando conselhos sobre impostos restritivos."

O jornal também mostra a contradição entre o discurso de Dilma contra o protecionismo na ONU e a elevação do IPI dos carros importados no Brasil, dias antes. O FT também lembra que o Banco Central brasileiro interfere diretamente no câmbio através da compra de dólares, desde o começo dessa crise. Esse seria o motivo do governo ter uma expressiva reserva cambial.

O Financial Times relembra o plano do ministro da Fazenda Guido Mantega de realizar um "plano de resgate dos Brics" para a zona do euro. O problema dessa iniciativa, segundo o jornal, é que Mantega não consultou outros países desse bloco dos emergentes, como a China, que detém a maioria das reservas de câmbio do grupo. Esse plano foi "irreal" e soou "hipócrita", segundo o FT.

No entanto, de acordo com o FT, o Brasil se preocupou em cortar suas próprias contas durante a crise do Lehman Brothers em 2008 e conta hoje com uma das maiores reservas para encarar a crise. Por isso, o país "sente que tem o direito de distribuir conselhos", mesmo que seja de forma "maluca".

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