Economia

Congresso da Venezuela declara criptomoeda "petro" ilegal

Maduro disse na sexta-feira que seu governo emitiria perto de seis bilhões de petros como uma forma de aumentar o valor da moeda local

Maduro: "Isto não é uma criptomoeda, é uma venda futura de petróleo venezuelano", disse um parlamentar (Miraflores Palace/Reuters)

Maduro: "Isto não é uma criptomoeda, é uma venda futura de petróleo venezuelano", disse um parlamentar (Miraflores Palace/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 20h54.

Caracas - O congresso da Venezuela, liderado pela oposição, declarou ilegal a criptomoeda "petro" lançada pelo presidente socialista Nicolás Maduro nesta terça-feira, chamando a moeda virtual de um esforço para hipotecar ilegalmente as reservas de petróleo do país.

Maduro disse na sexta-feira que seu governo emitiria perto de seis bilhões de petros como uma forma de aumentar o valor da moeda local e escapar das sanções financeiras impostas por Washington.

Especialistas em criptomoedas dizem que o mau gerenciamento da economia da Venezuela, somado ao histórico do partido socialista, atualmente no poder, de desrespeito pela propriedade privada, deixaria os investidores sem interesse por petros.

"Isto não é uma criptomoeda, é uma venda futura de petróleo venezuelano", afirmou o parlamentar Jorge Millan. "Isto é feito sob medida para corrupção."

Parlamentares alertaram investidores de que a "petro" seria visto como nula e sem valor uma vez que Maduro, que concorre à reeleição este ano, não esteja mais no cargo. Eles completaram ainda que a emissão de petros viola exigências constitucionais que o legislativo tem para que aprove empréstimos.

O Ministério da Informação não respondeu imediatamente a um pedido de comentários.

Maduro tem ignorado rotineiramente o legislativo desde que seu partido perdeu o controle do congresso em 2016, e a Suprema Corte, que apoia o governo, tem derrubado quase todas as medidas aprovadas desde então.

Em julho, o país elegeu um órgão legislativo todo poderoso chamado Assembleia Constituinte, em uma eleição boicotada pela oposição.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu a nova Assembleia Constituinte como a consolidação de uma ditadura, e expediu sanções que barram instituições financeiras norte-americanas de adquirir dívida emitida pela Venezuela depois do meio de 2017.

Essa medida tem impedido o governo de Maduro de efetivamente refinanciar sua dívida, e irá contribuir para aumentar a preocupação dos investidores a respeito da petro, mesmo que a nova criptomoeda não tenha sido citada nas sanções.

Maduro espera que a petro sirva como um mecanismo de pagamento para fornecedores estrangeiros e assim evitar atrasos nos pagamentos, os quais têm sido cada vez mais comuns desde a imposição das sanções dos EUA.

O governo da Venezuela planeja emitir 100 milhões de Petros nas próximas semanas, lastreadas em 100 milhões de barris das reservas de petróleo do país.

Acompanhe tudo sobre:CriptomoedasNicolás MaduroVenezuela

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups