Bola de cristal: se o crescimento deve ser baixo, o mesmo não pode ser dito do avanço da inflação (PEDRO RUBENS/Exame)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 15h46.
De acordo com as projeções das principais instituições financeiras do país, 2014 deve ser outro ano magro para a economia brasileira.
Entre oito estimativas feitas por grandes bancos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a mais otimista é a do HSBC, que prevê uma alta de 2,20%.
Já a equipe do economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, calcula que a economia brasileira crescerá 1,90% no ano, a menor das projeções, empatando com a do Santander Brasil.
Os números enviados ao Blog Arena incluem as projeções dos quatro maiores bancos privados do mercado brasileiro – Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC e Santander -, e outras importantes instituições como o banco de investimentos britânico Barclays, o Citibank, o Banco Espírito Santo (BES), o Banco Fator e a consultoria Tendências. Também estão na lista as estimativas coletadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os números do relatório Focus, do Banco Central.
Inflação e câmbio
Se o crescimento deve ser baixo, o mesmo não pode ser dito do avanço da inflação. Os economistas das principais instituições veem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, o índice de inflação oficial do governo) fechando 2014 com uma alta de 6,0%, bem acima do centro da meta, que é de 4,5%. O HSBC espera o pior cenário, uma alta de 6,30% para o índice de preços.
Parte dessa pressão sobre os preços deve vir do efeito da alta do dólar frente ao real. Cinco instituições tem como cenário para o fim de 2014 o dólar comercial negociado a R$ 2,45. O Itaú BBA, braço de atacado, tesouraria e investimentos institucionais do Itaú, tem a menor projeção, esperando um dólar a R$ 2,35 no fim do ano. A equipe de economia do Citibank traça o cenário de maior desvalorização do real, estimando que o câmbio chegará a R$ 2,47.
Taxa Selic
Com o avanço da inflação, o mercado espera que o Banco Central (BC) continue, em 2014, seu movimento de aperto monetário, promovendo ajustes na taxa básica de juro Selic. Embora seja consenso a visão de que haverá novas altas da Selic, os economistas das principais instituições se dividem quanto à magnitude da alta.
Itaú BBA, Bradesco, HSBC, BES e a consultoria Tendências acreditam que haverá mais uma alta da taxa básica em 2014, de 0,25 ponto percentual, levando a Selic dos atuais 10,00% ao ano para 10,25%. Já o banco Santander espera duas novas altas, levando a Selic para 10,50% até outubro, mês das eleições presidenciais. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, estima que o BC levará a Selic a 11,00% ao ano em 2014.
Ibovespa
Os analistas deco Citibank veem o Índice Bovespa, principal carteira teórica de ações da bolsa brasileira, chegando aos 63 mil pontos no fim de 2014, o que implicaria em uma valorização de mais de 25% em relação ao patamar atual. Os setores mais promissores, de acordo com os analistas, serão o financeiro, de bens de consumo, transportes e bens de capital.
A mediana das projeções dos economistas coletadas pelo relatório Focus, do BC, aponta para uma Selic de 10,50% no fim do ano que vem. Confira abaixo as principais projeções dos economistas para 2014:
Instituições | PIB | Câmbio R$/US$* | Taxa Selic | Inflação (IPCA) |
---|---|---|---|---|
Itaú BBA | 2,10% | 2,35 | 10,25% | 5,77% |
Bradesco | 1,90% | 2,45 | 10,25% | 6,00% |
Santander | 1,90% | 2,45 | 10,50%** | 6,00% |
HSBC | 2,20% | 2,4 | 10,25% | 6,30% |
Citibank | 2,00% | 2,47 | 10,75% | 5,50% |
Banco Espírito Santo | 2,00% | 2,45 | 10,25% | 6,00% |
Tendências | 2,10% | 2,45 | 10,25% | 6,00% |
Banco Fator | 2,05% | 2,45 | 11,00% | 6,00% |
Barclays | 2,40% | - | - | 6,00% |
Febraban | 2,10% | 2,41 | 10,50% | 5,90% |
FOCUS (Banco Central) | 2,00% | 2,45 | 10,50% | 5,97% |
*Projeção de câmbio para fim do período.