Na China, o índice de confiança no governo chega a 95%, apesar das medidas restritivas (Thomas Peter/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 6 de maio de 2020 às 16h46.
Última atualização em 7 de maio de 2020 às 18h15.
A crise do coronavírus provocou uma reviravolta nos índices de confiança da população, segundo pesquisa realizada pela empresa de relações públicas Edelman, em 11 países (o levantamento não inclui o Brasil). Em janeiro, antes da pandemia, ONGs e empresas eram vistas como mais confiáveis em relação aos governos. A situação se inverteu e, agora, apenas a mídia sofre mais desconfiança do que as máquinas públicas.
O estudo é publicado todo início do ano. Em razão da crise, a Edelman divulgou uma atualização nesta semana. Os números mostram que todos os segmentos experimentaram um acréscimo de confiança, nos últimos meses. Para os governos, no entanto, o aumento foi mais do que o dobro dos outros setores.
Em maio, o índice de confiança no governo era de 65%, ante 54% em janeiro. No mesmo período, as ONGs e as empresas passaram de 58% para 62%, e a mídia de 51% para 56%. Entre os países pesquisados, a China é o que apresenta o maior índice de confiança governamental: 95%. Em seguida, aparecem Índia (87%), Arábia Saudita (83%) e Canadá (70%). Na outra ponta estão o Japão (38%), os Estados Unidos (48%) e a França (48%).
Para 73% dos entrevistados, as medidas restritivas e de isolamento são razoáveis e adequadas. Esse índice é maior no México (85%), no Japão (82%) e no Canadá (81%). Na China, onde a quarentena foi mais severa e o governo utiliza métodos invasivos de controle, 63% concordam com as políticas. Apesar disso, mais de 90% dos chineses concordam em compartilhar informações pessoais para ajudar no combate à pandemia, percentual acima da média global, que é de 61%.
Em se tratando de especialistas e executivos, os CEOs são os que menos demonstram confiança. Apenas 29% afirmam que os líderes empresariais estão realizando um bom trabalho na pandemia. Cientistas e acadêmicos são os mais bem avaliados, com 53% de aprovação. As empresas são vistas como preparadas para a retomada por 42%.
A falta de confiança nos executivos se soma ao medo do desemprego. Mais da metade dos entrevistados (56%) tem grande preocupação em perder o trabalho e não conseguir se reposicionar por um longo período, após a pandemia.