Economia

Confiança deve reagir a sinais do novo governo, diz FGV

Com disputa já encerrada, perspectiva é de que os sinais do novo governo, principalmente em relação à economia, continuem a mexer com confiança e expectativas


	Dilma: influência das eleições também pode ter gerado otimismo entre empresários, diz economista
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma: influência das eleições também pode ter gerado otimismo entre empresários, diz economista (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 15h01.

Rio - A definição de que haveria um enfrentamento no segundo turno das eleições presidenciais influenciou a melhora das expectativas do setor de serviços em outubro, avaliou o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

A sondagem, realizada entre os dias 2 e 23 deste mês, trouxe uma alta de 4,4% nas expectativas e, consequentemente, um avanço de 1,2% na confiança, já na série com ajuste sazonal.

Agora, com a disputa já encerrada, a perspectiva é de que os sinais do novo governo, principalmente em relação à economia, continuem a mexer com a confiança e as expectativas.

"Como essa pesquisa foi ao longo do mês de outubro, e o primeiro turno foi no início do mês, é razoável supor que definir concretamente a realização de segundo turno, com uma possível mudança real do governo, ou um novo governo com mudança de programa, pode ter mexido com a expectativa de empresas", avaliou Sales.

"A confirmação disso virá com os indicadores de novembro, que também vão carregar o efeito eleitoral."

Em outubro, das empresas que listaram "outros" fatores limitativos à expansão dos negócios, 37% citaram o clima político, contra 26% em setembro.

O fator político superou até mesmo o clima econômico, que antes predominava neste quesito.

Para Sales, embora a pergunta trate de obstáculos, a influência das eleições também pode ter gerado otimismo entre os empresários.

"A opção de ter os dois candidatos deu uma possibilidade mais real de mudança nos números da economia. É uma combinação de efeito base (da baixa confiança) com um cenário político que traz cenário mais favorável, independentemente dos candidatos. O empate técnico havia animado a expectativa empresarial. Ficou um cenário de uma competição mais clara", disse.

Agora, já com a definição de que a presidente Dilma Rousseff (PT) ficará no comando do país por mais quatro anos, o economista avaliou que a confiança deve reagir aos sinais que virão do novo governo, principalmente a respeito da política econômica.

"Os sinais emitidos ao longo de novembro podem mexer para um lado ou outro com as expectativas", afirmou.

Indicador

O primeiro avanço do Índice de Confiança de Serviços (ICS) em 2014, de 1,2%, ainda não anula as perdas registradas entre janeiro e setembro, acumuladas em queda de 14,7%.

Mas a boa notícia é que a melhora se deu porque alguns empresários deixaram de se declarar pessimistas e houve aumento dos que se dizem otimistas.

O indicador de emprego previsto ainda exibe tendência de queda, mas, na margem, ficou estável (+0,1% em relação a setembro).

Apesar disso, a percepção sobre a situação atual continuou piorando.

"Outubro ainda não foi bom para serviços, ainda que tivesse sinal de melhora nas expectativas. O quadro geral para os indicadores é desfavorável", avaliou Sales.

"O contexto geral é de maior moderação no consumo de serviços no varejo e de resposta a uma demanda empresarial de serviços também mais moderada", acrescentou.

Segundo o consultor, a confiança dos serviços ainda se encontra em níveis historicamente baixos, e o Índice de Situação Atual (ISA) atingiu o pior patamar da série histórica.

"Há sinais de uma fase de produção muito moderada também para o quarto trimestre no setor", apontou.

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