Economia

Conab vai leiloar feijão para conter alta nos preços

Estoque de aproximadamente 180 mil toneladas será leiloado em maio para regular o preço do produto

Preço da saca de 60 quilos já chega a 130 reais

Preço da saca de 60 quilos já chega a 130 reais

DR

Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2011 às 14h10.

Brasília - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) planeja doar e leiloar no final de maio o estoque de aproximadamente 180 mil toneladas de feijão para regular o preço do produto, que registrou alta este mês. O leilão deve começar pelo Paraná, estado com maior estoque e grãos de mais qualidade.

De acordo com o superintendente de Operações Comerciais da Conab, João Paulo Moraes Filho, o objetivo da ação é estabilizar o preço do feijão sem prejudicar os lucros dos produtores rurais. "Temos que olhar os dois lados do mercado. Hoje o produtor tem um preço melhor e se sente estimulado a produzir, mas o consumidor tem um preço final alto. A questão não é baixar o preço, mas, pelo menos, estabilizá-lo", afirma.

No momento, o Ministério da Agricultura avalia as condições do estoque da Conab e os possíveis impactos do leilão no mercado rural. "Por ser antigo, nosso feijão perde um pouco o valor comercial e também temos que levar em consideração se tal medida não vai prejudicar os produtores", ressalta Moraes Filho. Além da venda, parte do produto será doado a comunidades que sofrem com insegurança alimentar.

A saca de 60 quilos, explica o superintendente, é vendida em média a R$ 80, mas agora chega a 130 reais. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - que mede a inflação oficial do país -, o preço do feijão carioca chegou a subir 30,10% só em abril. No mês anterior, ele havia sofrido uma queda de 1,87%. O mesmo índice mostra que em abril do ano passado a deflação havia sido de 11,38%.

A alta nos preços pode ser explicada justamente pela baixa no ano passado, como explica Moraes Filho. "Em 2009, o feijão foi vendido a preço mínimo e por isso o agricultor ficou desestimulado a produzir, houve uma diminuição da área plantada e o preço subiu".

Para o professor do Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Antonio Marcio Buainain, o fator climático é o grande responsável pela queda da produção. "O feijão tradicionalmente tem mercado muito sensível ao resultado da oferta e o preço reage imediatamente", explicou.

Ele acredita que a intervenção da Conab não será prejudicial para os agricultores, mas pode desapontar os comerciantes. “A maior parte dos estoques está na mão dos comerciantes. Se o leilão tiver êxito, quem estava esperando para vender mais caro não vai conseguir”, avalia.

Acompanhe tudo sobre:ConabEmpresas estataisLeilõesMinistério da Agricultura e PecuáriaPreçosVendas

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições