Economia

Comunidade de criptomoedas está cética com projeto do Facebook

A libra será coadministrada por 100 empresas associadas, entre elas Mastercard, Visa, PayPal, Lyft e Uber; projeto é visto com desconfiança pelo setor

Libra: Moeda virtual de projeto liderado pelo Facebook em parceria com outras 100 empresas gera debates no mercado financeiro (Divulgação/Divulgação)

Libra: Moeda virtual de projeto liderado pelo Facebook em parceria com outras 100 empresas gera debates no mercado financeiro (Divulgação/Divulgação)

A

AFP

Publicado em 12 de julho de 2019 às 17h08.

Os órgãos reguladores não são os únicos a desconfiarem do projeto do Facebook de lançar uma moeda virtual. Os partidários das criptomoedas criticam duramente a iniciativa, embora admitam alguns efeitos positivos.

"Quem não quer usar a libra, levante a mão", pede o moderador de um debate sobre a futura criptomoeda da rede social na Fintech Week, em Londres no começo da semana. Entre o público, dois terços ergue o braço, expressando sua desconfiança - uma proporção significativa para um público interessado pelas iniciativas digitais.

"As pessoas se preocupam com a forma como vai funcionar a associação" que vai gerir a libra, explica à AFP uma das participantes do debate, Helen Disney, fundadora do Unblocked Events, uma empresa especializada em blockchain, tecnologia que está na base de várias criptomoedas.

O Facebook formalizou em meados de junho seu projeto de lançar um moeda virtual no primeiro semestre de 2020.

Embora o bitcoin seja totalmente descentralizado, a libra será coadministrada por 100 empresas associadas, incluindo a Calibra, uma subsidiária do Facebook. Os emissores de cartões Mastercard e Visa, os serviços de pagamento Stripe e PayPal e as empresas de reservas de veículos Lyft e Uber estão entre os mais conhecidos que administrarão a moeda virtual.

"Estou ansiosa para ter uma criptomoeda com a ética da Uber, a resistência à censura do Paypal e a centralização da Visa, tudo isso junto com o respeito pela confidencialidade demonstrada pelo Facebook", brincou no Twitter Sarah Jamie Lewis, diretora de Open Privacy, uma organização de pesquisa dedicada ao respeito pela privacidade.

Apesar das garantias do Facebook, especialistas em criptomoedas continuam céticos pelo fato de que grande parte da comunidade é "muito libertária em sua maneira de pensar" e quer "ficar longe dos grandes bancos e empresas que controlam a economia", ressalta Disney.

Bitcoin em alta

Por outro lado, o preço do bitcoin aumentou mais de 50% nos dez dias que se seguiram ao anúncio do Facebook, antes de recuar um pouco.

Muitos analistas acreditam que o projeto libra poderia ter um papel no ressurgimento do interesse pela criptomoeda, embora esse elo de causalidade seja questionado por outros analistas, já que o bitcoin já vivia uma tendência ascendente há várias semanas.

A iniciativa do Facebook é "globalmente positiva" porque pode contribuir para tornar o setor mais "convencional", que hoje tem características bastante incomuns, segundo Disney.

Segundo essa especialista, a empresa americana incentivará os órgãos reguladores a propor uma estrutura legal em torno dos ativos digitais, "algo que esperamos há algum tempo".

Acompanhe tudo sobre:BitcoinFacebookLibra (criptomoeda)

Mais de Economia

‘Se você pretende ser ‘miss simpatia’, seu lugar não é o Banco Central’, diz Galípolo

Rui Costa fala em dialogar com o mercado após dólar disparar: 'O que se cobrava foi 100% atendido'

Lula chama corte gastos de 'medida extraordinária': 'Temos que cumprir o arcabouço fiscal'