Economia

Competitividade brasileira volta a cair e é problema grave

A queda da competitividade da economia brasileira no cenário mundial, segundo o Fórum, reflete o atraso na condução de reformas importantes


	Competitividade: "o ano de 2012 foi de crescimento da economia e oportunidades em relação à economia mundial, mas o Brasil não soube tirar vantagem dessa situação", observou especialista
 (Ricardo Correa/EXAME)

Competitividade: "o ano de 2012 foi de crescimento da economia e oportunidades em relação à economia mundial, mas o Brasil não soube tirar vantagem dessa situação", observou especialista (Ricardo Correa/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 11h32.

Genebra e São Paulo - O Brasil tem um dos Estados mais ineficientes, a segunda pior burocracia e apenas cresceu nos últimos anos à base do crédito e do boom de commodities.

Agora, a falta de competitividade pode se tornar um "severo" problema para o crescimento da economia e só uma ampla reforma poderá tirar o país da crise.

O alerta é do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). A organização já anunciou que, para seu evento em Davos, na Suíça, em janeiro de 2015, quer a presença do vencedor da eleição presidencial para explicar o que será feito para tirar o país da recessão.

O Fórum ocorre três semanas depois da posse no Brasil, em janeiro, e seria o primeiro palco internacional de um novo presidente ou de um segundo mandato de Dilma Rousseff.

A queda da competitividade da economia brasileira no cenário mundial, segundo o Fórum, reflete o atraso na condução de reformas importantes. O Brasil caiu da 56ª em 2013 para a 57ª colocação no Ranking Global de Competitividade 2014, que conta com uma compilação de 144 países.

Entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a economia brasileira está à frente apenas da indiana, 71ª colocada.

A Suíça mais uma vez liderou o ranking. Em seguida vêm Cingapura, EUA, Finlândia e Alemanha. O único país da América do Sul à frente do Brasil é o Chile, no 33º lugar, e as últimas posições são ocupadas por Guiné, Chade e Iêmen.

Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC), instituição responsável pela coleta e análise dos dados do Brasil no levantamento, disse que a perda de uma posição não é significativa, mas alertou para o crítico movimento de perda de nove posições em dois anos.

"O ano de 2012 foi de crescimento da economia e oportunidades em relação à economia mundial, mas o Brasil não soube tirar vantagem dessa situação", observou.

Para ele, aquele era o momento de o governo tentar resolver questões que remontam aos anos 1990, como levar adiante reformas dos sistemas tributário e trabalhista e simplificar o marco regulatório.

Arruda também afirmou que o Brasil precisa se comprometer com a elevação dos investimentos e melhora da infraestrutura do país. Ele lembrou que muitas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, estão fora do cronograma inicial.

Ineficiência

De acordo com o ranking do Fórum, apenas a Venezuela tem um peso da regulamentação estatal mais nefasta que no Brasil. Para Beñat Bilbao, economista sênior da entidade, o problema é que o governo nem sequer conseguiu fazer as reformas estruturais que prometeu. "O Brasil desperdiçou o período de vacas gordas e não fez as reformas estruturais. Agora, será ainda mais difícil."

Na avaliação de Bilbao, um dos maiores problemas no Brasil é a ineficiência das instituições públicas. No ranking, o país está na 135ª colocação entre 144 governos em termos de desvios de dinheiro.

Em apenas quatro países a confiança da população nos políticos é mais baixa que no Brasil e, dos 144 governos avaliados, o país está apenas na 137ª posição no que se refere ao desperdício de recursos.

"Não vimos avanços no que se refere à eficiência do Estado", alertou Bilbao, sobre os últimos anos. "Isso é fundamental para que o governo tenha a capacidade de reformar a economia."

Além da questão da corrupção, o que pesa na avaliação do Fórum Econômico Mundial é o papel do Estado no funcionamento do mercado nacional. Para ele, é necessário que o Brasil se abra. "Isso geraria uma maior concorrência interna."

"O grande destaque deste ano foi a não ação", disse Arruda, da Dom Cabral. Mesmo com avanços em determinadas áreas, um país perde posições no ranking se outros obtiverem uma nota maior. Ele lembrou que o Brasil adotou medidas para simplificar os tributos sobre a folha das empresas e tentou reduzir a burocracia para abertura de negócios, mas países como Colômbia e México avançaram muito mais nesses tópicos.

A questão trabalhista foi o maior destaque negativo do Brasil, disse Arruda, lembrando que o tema teve avaliação crítica em vários indicadores. Em eficiência do mercado de trabalho, por exemplo, o Brasil caiu 40 posições desde 2012 (da 69ª para a 109ª, a maior variação negativa entre os 12 temas

. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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