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Como o investidor pode lucrar com a "Nova Braskem"

Dívida da Quattor pode castigar papéis da Braskem no curto prazo, mas perspectivas são favoráveis, segundo analistas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2010 às 13h48.

Se a compra dos ativos da Quattor Petroquímica pela Braskem, do grupo Odebrecht, se confirmar, os acionistas da Unipar, holding controladora da Quattor, e da própria Braskem vão ter o que comemorar no longo prazo. Além de dar origem a uma gigante do setor petroquímico, favorecendo os papéis da Braskem, a operação pode gerar um caixa vultoso o suficiente para garantir bons dividendos aos acionistas da Unipar se a companhia decidir destinar parte dos recursos para este fim. No curto prazo, a recomendação é que os investidores esperem os primeiros impactos.

"A Braskem vai trazer uma Quattor com alto endividamento. Uma das principais questões agora é o que ela vai fazer diante disso.", diz Victor de Figueiredo, analista da Planner Corretora, referindo-se à dívida líquida de 6,6 bilhões de reais da Quattor – o que implica uma relação Dívida/Ebitda de 14,2 vezes, contra 2,8 vezes da Braskem. Para Figueiredo, a primeira opção da Braskem para lidar com essa dívida seria uma captação de recursos no curto prazo. Outra seria renegociar os compromissos, a fim de alongar o perfil de endividamento da Quattor. O especialista especula que, caso a Braskem opte por captar recursos após a compra, é possível que os acionistas sejam chamados a investir, e isso pode impactar negativamente o desempenho dos papéis.

Erick Scott, analista da corretora SLW, diz que o investidor assume um risco elevado ao investir com o objetivo de lucrar com a operação. Também para ele a questão do endividamento é crucial. "Se a Petrobras [sócia da Unipar no controle da Quattor] assumir a dívida da Quattor, a Braskem sai ganhando. Já se a própria Braskem assumir, os acionistas provavelmente terão problemas".

Melhor no longo prazo

Os analistas concordam que a compra de ações tanto da Unipar quanto da Quattor visando ganhos de longo prazo é a melhor opção. A Unipar tem destinado, em média, 32% de seu lucro para a distribuição de dividendos. Com o aporte conseguido após a venda de sua participação na petroquímica da família Geyer para a Braskem, é possível que os minoritários sejam beneficiados por mais dividendos (continua...).


Na terça-feira (5/1), com as notícias sobre a operação, as ações preferenciais da holding (UNIP6, sem direito a voto) decolaram, chegando a uma valorização de cerca de 8%, e uma das possíveis razões seria a reação dos acionistas à possibilidade de lucrar com os dividendos pagos pela Unipar. Entretanto, até as 12h53 desta quarta-feira (6/1), já foi possível observar uma realização dos lucros, e as ações registraram queda de 3,25%, o que pode sugerir uma posição de cautela dos investidores para decisões de curto prazo.

Do lado da Braskem, esperar para ganhar nos próximos meses é a melhor opção, mesmo considerando a dívida que a companhia pode assumir, tendo em vista o porte da empresa que será constituída a partir da compra da Quattor. A "Nova Braskem", como tem sido chamada, será uma gigante petroquímica, que tem em perspectiva a possibilidade de elevados ganhos de sinergia ao incorporar as operações da empresa controlada pela família Geyer. Além disso, a aquisição pode melhorar a negociação da Braskem com a Petrobras – que atualmente detém 40% do capital total da Quattor – para a compra de matérias-primas com preços mais competitivos e condições mais vantajosas. "Os acionistas da Braskem vão pagar pedágio no curto prazo, para lucrar depois", diz Victor de Figueiredo, da Planner.

Petrobras

Os acionistas da estatal, que participa do controle da Quattor, não devem ser expostos a riscos em razão das negociações em curso. Ampliar sua atuação no setor petroquímico já faz parte dos planos da Petrobras, segundo os analistas. As recentes movimentações da companhia junto com a Braskem para a compra da Copesul, e com a Unipar, na aquisição da Suzano Petroquímica, confirmam o argumento.

Para a Petrobras, não é esse o maior problema, de acordo com Figueiredo. "As mudanças no marco regulatório do pré-sal, a votação no Congresso, e a questão da capitalização da empresa vão importar mais para os acionistas do que a eventual compra da Quattor pela Braskem", afirma o analista.


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