Economia

Como fica a economia se a Europa restabelecer fronteiras?

Queda de 10% no comércio e PIB 0,8% menor: estas seriam algumas das consequências caso a Europa desista da livre circulação de pessoas, diz estudo


	Refugiados na fronteira entre Alemanha e Aústria: debate sobre imigração esquentou
 (Michaela Rehle / Reuters)

Refugiados na fronteira entre Alemanha e Aústria: debate sobre imigração esquentou (Michaela Rehle / Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de fevereiro de 2016 às 06h00.

São Paulo - Já pensou em ter que apresentar passaporte para viajar entre a França e a Alemanha? Isso pode voltar a ser realidade.

Estabelecido em 1995, o chamado "Espaço Schengen" que garante a livre circulação de pessoas em 26 países (a maioria da União Europeia) está sob ameaça.

Países como Noruega e Suécia estão usando brechas para estabelecer verificações (no momento temporárias) diante da crise dos refugiados e dos riscos de terrorismo.

Como a Schengen é um dos pilares da integração europeia, inclusive econômica, sua reversão teria consequências bem concretas, como apontou nesta semana um centro de estudos ligado ao escritório do primeiro-ministro da França.

Nenhum outro país no mundo recebe tantos turistas quanto a França: em 2014, 83 milhões passaram pelo menos uma noite no país e 122 milhões passaram o dia.

Na medida em que fronteiras desestimulam visitas curtas (e com o reestabelecimento de vistos como possibilidade), o país poderia sofrer uma perda anual entre 500 milhões e 1 bilhão de euros.

O controle maior também aumentaria o tempo de deslocamento de pessoas e mercadorias: de acordo com o relatório, as restrições recentes já aumentaram em até meia hora o tempo necessário para cruzar a fronteira entre França e Luxemburgo.

Haveria impacto também nos fluxos financeiros e de investimento. Nada mais natural, já que a lógica por trás de abrir fronteiras foi justamente a de estimular trocas mais intensas.

"No longo prazo, diferentes estudos sugerem uma queda do comércio bilateral entre os países da área Schengen de mais de 10%, o que por sua vez induz a uma queda de 0,8% no PIB da zona", diz o texto.

Se fosse equivalente a um novo imposto, seria de 3%, criando uma conta para a França no valor de mais de 10 bilhões de euros, ou 0,5% do PIB.

E isso sem falar nos custos fiscais envolvidos em implementar as mudanças em si, contratando agentes e criando bloqueios, por exemplo.

Acompanhe tudo sobre:EuropaFrançaImigraçãoPaíses ricosRefugiadosUnião Europeia

Mais de Economia

Comissão do Senado aprova projeto que amplia isenção de IR para quem ganha até dois salários

Após tarifaço, déficit comercial dos EUA cai em junho com a queda das importações

Em meio ao tarifaço dos EUA, Haddad diz que governo dará atenção especial a setores vulneráveis

Crediário ganha o mundo: parcelamento sem juros vira aposta bilionária de fintechs e bancos