Economia

Como Eduardo Campos deixou a economia de Pernambuco

Após 7 anos e 3 meses de mandato, Campos deixa o governo de um estado com investimentos e crescimento em alta - e as contas no vermelho


	Eduardo Campos, governador de Pernambuco e possível candidato à Presidência
 (Elza Fiúza/ABr)

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e possível candidato à Presidência (Elza Fiúza/ABr)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de abril de 2014 às 11h04.

São Paulo – Com sua saída do governo de Pernambuco oficializada na manhã desta sexta-feira, Eduardo Campos (PSB) poderá agora concentrar sua agenda na busca da presidência.

E como era de se esperar, a economia terá espaço privilegiado na campanha.

Há um mês atrás, quando foi divulgado o PIB de 2013, o agora ex-governador culpou “erros de política econômica” pelo número e disse que o país precisa “parar de festejar a mediocridade”.

Além de ter sido Ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula, Campos é formado em Economia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e é casado com outra economista, Renata Campos, auditora do Tribunal de Contas do estado.

Por enquanto, não se sabe exatamente o que ele defende. Ainda não há programa de governo, mas seus discursos tem criticado o intervencionismo do governo, na linha mais liberal dos economistas que assessoram sua provável vice, Marina Silva, desde a campanha dela em 2010. 

Campos tem batido na tecla da economia do conhecimento, de uma política comercial mais ativa e da reindustrialização do país (um debate bastante complexo). O que ele tem para mostrar, por enquanto, são seus 7 anos e três meses à frente do estado.

Gestão

Depois de assumir o mandato, no início de 2007, Campos iniciou um ambicioso programa de gestão com a ajuda de especialistas do setor privado como o consultor Vicente Falconi. 

Os resultados apareceram (como a queda de 39% nos homicídios) e em 2012, Pernambuco se tornou o primeiro estado do país a conquistar o Prêmio de Serviço Público das Nações Unidas (UNPSA).


Sua gestão, no entanto, não está livre de críticas. A PPP (Parceria Público-Privada) para construção da Arena Pernambuco teve os termos modificados seis meses depois da assinatura do contrato, o que tranferiu custos e riscos da construtora Odebrecht para o estado e gerou protestos da oposição.

A concessão sem pedágio da BR-232 foi outra iniciativa polêmica (e ainda não resolvida) de Campos, e atualmente o governo estadual e federal travam uma disputa sobre o pagamento de uma dívida de R$ 150 milhões para a ampliação do Porto de Suape. 

Crescimento e investimentos

Com incentivos fiscais e políticas setoriais, Campos atraiu projetos grandes para o estado. Com investimento de R$ 4 bilhões, uma nova fábrica da Fiat em Goiana deve gerar 4.500 empregos e produzir 250 mil unidades por ano quando começar a operar no início de 2015.

Desde 2008, Pernambuco também cresce mais do que a média nacional:

  Brasil Pernambuco
2008 5,2% 5,3%
2009 -0,2% 2,8%
2010 7,5% 9,3%
2011 2,7% 4,5%
2012 0,9% 2,3%

O estado foi um dos mais beneficiados por investimentos do governo federal: entre os projetos gigantes no estado está a refinaria de Abreu e Lima, com recursos de R$ 20 bilhões.

Os investimentos do governo estadual não ficaram para trás e quintuplicaram durante o mandato de Campos: de R$ 680 milhões em 2007 para R$ 3,8 bilhões em 2013.

Assim como no Rio de Janeiro, esse crescimento exponencial está pressionando as contas públicas do estado, que ficaram no vermelho em três dos quatro anos do segundo mandato de Campos. Em 2012, Pernambuco teve o maior déficit orçamentário do país. Em 2013, o terceiro maior.

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