Economia

Como está a economia do Canadá após um ano de Trudeau

O Banco do Canadá acaba de cortar a previsão de crescimento para a economia, mas ainda é cedo para saber se a estratégia do primeiro-ministro vai funcionar

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, teve um ano movimentado (Chris Wattie/Reuters/Reuters)

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, teve um ano movimentado (Chris Wattie/Reuters/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 22 de outubro de 2016 às 16h00.

Última atualização em 22 de outubro de 2016 às 16h08.

São Paulo – Um ano após se tornar primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau segue com popularidade alta dentro e fora do país mesmo com alguns tropeços.

Muitas promessas de campanha ainda não decolaram, como a legalização da maconha, e o Banco do Canadá acaba de cortar a previsão de crescimento para a economia: de 1,3% para 1,1% em 2016 e de 2,2% para 2% em 2017.

Poderia ser pior. A taxa em 2015 foi de apenas 0,9% e o país depende bastante de commodities como o petróleo - que apesar da recuperação recente segue em uma baixa histórica.

As exportações também estão decepcionando, resultado de um cenário fraco no comércio internacional e em setores específicos dos Estados Unidos, o maior parceiro canadense.

Trudeau tem enfrentado esses e outros problemas com cortes de impostos, investimento em infraestrutura e expansão dos gastos.

De acordo com o próprio governo, eles devem causar déficits anuais próximos de US$ 30 bilhões – o triplo do teto de US$ 10 bilhões prometido por Trudeau na campanha.

 

A estratégia é bem diferente da austeridade praticada dos países europeus diante de um problema parecido: juros baixos que não conseguem fazer a economia crescer e gerar alguma inflação, mas levam a uma valorização excessiva de alguns ativos como casas.

Quem tem propriedades gosta de ver seu patrimônio subindo, mas um relatório recente do banco suíço UBS, por exemplo, coloca Vancouver no primeiro lugar entre as cidades globais com maior risco de bolha imobiliária.

“Nos últimos dois anos o mercado imobiliário acelerou demais devido a uma demanda forte por propriedades locais por investidores estrangeiros e uma política monetária frouxa”, diz o banco.

O governo implementou novas regulações para tentar segurar esse processo, mas o impacto econômico no curto prazo deve ser negativo - uma pequena amostra dos dilemas que Trudeau terá que enfrentar a partir de agora.

No final do mês passado, por exemplo, ele expressou apoio a um megaprojeto de US$ 27 bilhões para exportar gás natural do oeste do país, gerando aplausos de investidores, críticas de ambientalistas e divisão entre as comunidades nativas locais.

A partir de agora, Trudeau poderá ver o impacto de suas políticas se materializar, mas terá que contar com mais do que boa vontade para manter sua aprovação intacta.

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