Economia

Como elevar idade de aposentadoria para quem quer trabalhar

Atualmente, muitos americanos se aposentam enquanto ainda têm anos de boa saúde pela frente


	Idoso trabalhando: idosos já estão trabalhando mais agora do que nos anos 1980 e 1990
 (monkeybusinessimages/Thinkstock/Divulgação)

Idoso trabalhando: idosos já estão trabalhando mais agora do que nos anos 1980 e 1990 (monkeybusinessimages/Thinkstock/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2016 às 22h44.

O trabalho pode ser cansativo, não há dúvidas quanto a isso. Mas como é possível que pessoas consideradas idosas demais para estarem sentadas em um escritório sejam jovens o suficiente para jogar uma partida de golfe de 18 buracos?

Atualmente, muitos americanos se aposentam enquanto ainda têm anos de boa saúde pela frente. Dada a crescente pressão financeira sobre o programa de assistência social e o Medicare dos EUA, alguns economistas e políticos estão contemplando entrar nesse assunto polêmico da política americana: eles estão questionando se a boa saúde robusta de tantos cidadãos idosos justifica elevar as idades mínimas para esses programas.

Um relatório técnico recente concluiu que os anos de expectativa de vida saudável depois dos 65 anos aumentaram em 1,8 ano entre 1992 e 2008, de acordo com David Cutler, da Universidade de Harvard, e três outros autores. Trata-se de um grande aumento em um curto período de tempo.

Os idosos já estão trabalhando mais agora do que nos anos 1980 e 1990, como escreveu recentemente meu colega Ben Steverman. Alicia Munnell, da Faculdade de Administração Carroll, do Boston College, tem algumas teorias para explicar o porquê, como o aumento gradual da idade de aposentadoria normal, que agora é 66 e está subindo para 67; a transferência das pensões para o plano de aposentadoria 401(k), que não oferece incentivos para se aposentar em idades em particular; e, é claro, a melhoria da saúde dos trabalhadores mais velhos e a redução dos trabalhos que exigem força física.

Como indicou Steverman, os trabalhadores com 65 anos ou mais são recorde em números absolutos e, em termos percentuais, estão no patamar mais alto desde o início dos anos 1960, antes que o Medicare aliviasse os fardos financeiros da idade avançada.

Mas a história não acaba aqui. O problema de elevar a idade usual de aposentadoria é que isso afetaria muito mais os trabalhadores com menor escolaridade. Uma análise derivada de uma pesquisa feita por Courtney Coile, do Wellesley College, Kevin Milligan, da Universidade da Columbia Britânica, e David Wise, da Universidade de Harvard, mostra que os homens com escolaridade limitada têm muito menos probabilidade de trabalhar dos 70 aos 74 anos do que os homens da mesma idade com diploma universitário. Uma quantidade muito maior deles poderia trabalhar considerando-se seu estado de saúde, mas não tantos quanto os diplomados que poderiam trabalhar.

Existe algum modo de aproveitar a capacidade de trabalho dos americanos mais idosos sem prejudicar os que têm menos escolaridade, mais propensos a ter trabalhos com exigências físicas difíceis e menos propensos a ter as habilidades que os empregadores buscam? “É razoável se preocupar com as pessoas que talvez já não possam trabalhar por mais tempo”, disse Coile.

Infelizmente, não há uma forma de elevar a idade de aposentadoria sem causar problemas. Uma ideia é elevar a idade normal de aposentadoria para, digamos, 70 anos, mas isso facilitaria que os mais velhos peçam aposentadoria por invalidez. Atualmente, ser apto para receber a aposentadoria por invalidez pelo Estado implica um processo árduo que consome tempo e dinheiro, tanto para os solicitantes quanto para o governo. Seria difícil acelerar o processo de avaliação sem cometer muitos erros.

Não se deve esquecer que a expectativa de vida para homens e mulheres de 65 anos agora é maior. De cerca de 14 anos na década de 1950, ela pulou para 19 anos em 2010, de acordo com o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos EUA.

A ideia de um período de lazer de várias décadas ao fim da vida é uma invenção moderna, que custa caro para a economia. É por isso que encontrar modos de manter uma quantidade maior de pessoas na ativa por mais tempo – de modo equitativo – é uma prioridade.

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