Economia

Subsídio à energia solar está esmagando custos (e empresas)

Subsídios a empresas de energia solar está diminuindo os custos de produção, mas ao mesmo tempo ameaça lucros das empresas


	Energia solar: leilões estimulam concorrência e diminuem o preço da energia, mas empresas têm que operar com margens baixas de lucro
 (Thinkstock)

Energia solar: leilões estimulam concorrência e diminuem o preço da energia, mas empresas têm que operar com margens baixas de lucro (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2016 às 14h04.

O mais recente mecanismo desenvolvido para estimular a energia solar está cumprindo muito bem a função de reduzir o custo da energia. E também ameaça desestabilizar o setor de energia renovável.

Em países como Índia, México e Emirados Árabes Unidos as autoridades estão se distanciando dos pagamentos de subsídios fixos para a energia limpa e caminhando para o sistema de leilões.

O novo sistema força as empresas a competirem por contratos de venda de eletricidade e resultou em ofertas de fornecimento de energia fotovoltaica a taxas que são mínimas recorde neste ano. Mercados maiores, incluindo a Alemanha e o Japão, começarão a prática no ano que vem.

Os governos optaram pelos leilões para frear a expansão descontrolada que surgiu em todos os lugares nos quais os subsídios tradicionais foram testados.

Apesar do novo mecanismo ter produzido uma onda de contratos para desenvolvedoras bem capitalizadas, os executivos do setor temem que muitos dos projetos não gerem lucro, nem sejam construídos, ameaçando as finanças das empresas e as metas ambientais dos países.

“Não queremos acabar em uma situação em que as empresas vão à falência e tenhamos uma forma insustentável de estabelecer o nível de preço correto no setor”, disse Samuel Leupold, vice-presidente da maior empresa de energia da Dinamarca, a Dong Energy, em entrevista em Londres.

Para os consumidores, os leilões estão acelerando a queda do custo da energia solar, que já dura uma década, levando-o para muito perto das usinas movidas a carvão e a gás natural.

Mundialmente, as usinas de carvão geram eletricidade por apenas US$ 34 o megawatt-hora e o gás natural, por US$ 47, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

Nos leilões, normalmente as desenvolvedoras apresentam ofertas para o preço pelo qual estão dispostas a vender a energia dos projetos planejados.

As ofertas mais baixas ganham contratos de longo prazo para a venda de energia a esse preço e, a partir daí, as empresas podem avançar com a construção das plantas.

Em março, uma unidade da principal empresa de energia italiana, a Enel, concordou em vender energia solar no México por US$ 35,50 o megawatt-hora.

E em maio a Masdar Abu Dhabi Future Energy e a Abdul Latif Jameel, da Arábia Saudita, apresentaram oferta por um projeto fotovoltaico nos Emirados Árabes Unidos que estabeleceu um recorde mundial, com ofertas de fornecimento de energia solar por apenas US$ 29,90 o megawatt-hora. A Fortum ganhou leilões recentes na Índia, causando uma forte queda dos preços no país.

Os leilões estão ganhando popularidade e se espalhando para 40 países. O impacto tem sido forte: os países que começaram a realizá-los viram o custo das energias renováveis caírem a uma média de 35 por cento no primeiro ano, segundo Michael Liebreich, fundador da Bloomberg New Energy Finance.

“Isto é absolutamente fundamental para o sucesso do setor de energia limpa”, disse ele.

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