O primeiro passo é entender como o primeiro é calculado pelos chamados birôs de crédito — um dos mais conhecidos é o Serasa. (FreshSplash/Getty Images)
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Publicado em 4 de junho de 2024 às 15h00.
“Você vale o que você tem no seu bolso”, costuma dizer uma das avós da Amanda Castro, gerente de score do Serasa. “Com receio de contrair dívidas, ela paga tudo em dinheiro”. Amanda comete essa indiscrição a respeito da avó para afirmar que muita gente enxerga o crédito no Brasil como um vilão. “É quase um tabu”, diz ela. “Mas crédito é algo positivo e extremamente favorável, desde que os compromissos firmados sejam honrados”. Mais: quem faz uso de crédito e paga tudo em dia acaba aumentando o próprio score de crédito. E, consequentemente, acaba aumentando o limite do cartão de crédito.
Uma coisa, afinal, está diretamente ligada à outra. Não que o score de crédito seja o único fator por trás do limite do cartão de crédito. As instituições financeiras se debruçam sobre diversos fatores para definir qual limite irá conceder para cada um — o score de crédito é apenas um deles, embora de extrema importância. O próprio relacionamento de quem tem cartão de crédito com a emissora já influi bastante. Basta deixar de pagar uma parcela, ou não pagar o valor total, para a concessão de um limite maior ficar em risco.
Quer melhorar seu score de crédito para aumentar o limite do cartão de crédito? O primeiro passo é entender como o primeiro é calculado pelos chamados birôs de crédito — um dos mais conhecidos é o Serasa. Diferentemente do que muita gente imagina, esta instituição não leva em conta só as parcelas não pagas, ou pagas com atraso, para calcular o score. “O cadastro positivo faz toda a diferença no cálculo”, explica Castro. Ele se refere a todos os pagamentos dentro do prazo sobre os quais os birôs de crédito conseguem ficar sabendo. Vale, por exemplo, para contas de luz e água. “Quitá-las em dia mostra para o nosso modelo estatístico que você é um bom pagador”, acrescenta ela. “Daí as pontuações mais altas”.
Optar pela cobrança automática de contas recorrentes, como água, luz, telefone e internet, por sinal, é altamente recomendável — inclusive para o pagamento da própria fatura do cartão de crédito. O score tem uma pontuação que varia de 0 a 1.000. Quem tem de 0 a 300 pontos é visto como alguém que tem chances de dar o calote. Entre 300 e 700 pontos, o risco de inadimplência é considerado médio. O melhor cenário é acima dos 700 pontos. Como chegar à pontuação máxima? Uma dica é não agir como a avó da gerente de score do Serasa. “Quem recorre a um financiamento ou faz uso de cartão de crédito, por exemplo, costuma ter score mais alto, desde que pague tudo em dia”, explica a especialista.
Atrasou alguma parcela? Nesse caso, o mais indicado é fazer de tudo para não ficar com o nome negativado. Isso só ocorre, convém lembrar, em último caso. Antes disso, dá tempo, perfeitamente, para quitar o que está em aberto ou firmar algum tipo de acordo. Para quem acha que depois de cinco anos as dívidas costumam caducar, vale o alerta: depois desse prazo, elas apenas deixam de constar nos birôs de crédito. “Se realmente caducassem, todo mundo contrairia dívidas e deixaria de pagá-las”, diz Castro. “Por lei, não podemos considerá-las depois de cinco anos, mas isso não significa que elas deixam de existir”.
Outra dica para evitar que o score despenque é não bater na porta de muitas financeiras, por exemplo, ao mesmo tempo. Isso porque cada uma delas vai consultar o seu score em birôs como o Serasa — e cada consulta tende a jogar sua pontuação para baixo. “Isso sugere para o nosso modelo estatístico que você está desesperado por crédito”, revela a especialista do Serasa. Mas não há risco nenhum, e nenhum custo, em consultar o próprio CPF na plataforma da instituição. Quem faz isso fica sabendo qual é sua pontuação e descobre se há alguma pendência financeira capaz de colocar em risco o limite do cartão de crédito.