Economia

Como a tarifa zero em São Paulo ajudou a baixar índice de inflação do país

Adoção da medida aos domingos e feriados levou a cidade a ter queda de quase 22% no preço dos ônibus no período

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 18h21.

Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 18h24.

Os dados do IPCA-15 divulgados nesta sexta, 26, mostram que a categoria Transportes teve queda de 1,13% em janeiro de 2024. Essa baixa tem, entre as principais razões, a queda no valor das passagens aéreas e a adoção de tarifa zero na cidade de São Paulo.

A medida, adotada a partir de 17 de dezembro, zerou o custo das viagens nos ônibus da cidade aos domingos e em alguns feriados, como Natal e Ano-Novo. Com isso, a tarifa teve queda de 21,88%, aponta o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

O IPCA-15 é um dos indicadores oficiais da inflação no país. Ele faz um recorte temporal diferente: da metade um mês à metade de outro, enquanto o IPCA considera os meses por inteiro. Assim, a edição divulgada nesta sexta considera a variação de preços de 15 de dezembro a 15 de janeiro.

A categoria Transportes corresponde por 20,9% do total do IPCA. Assim, a queda de 1,13% representou um impacto de -0,24% no índice geral, que ficou em 0,31%.

Alexandre Lothmann, economista-chefe da Constância Investimentos. explica que o IPCA tem um cálculo pro-rata, que considera de forma proporcional o custo em cada dia ao longo do período analisado. Assim, mesmo a gratuidade valendo apenas aos domingos, há impacto no indicador geral.

"Se mais cidades adotassem tarifa zero, o impacto na inflação seria significativo, mas o problema é se tem recurso, dinheiro público para custear isso", diz Lothmann.

Ele aponta ainda que o efeito na inflação seria limitado ao mês em que as tarifas fossem reduzidas, sem se estender aos meses seguintes.

A isenção de tarifa em São Paulo não teve impacto maior no IPCA-15 porque houve alta nos preços do transporte público nos trens e metrô paulistanos, de 6,36% (de R$ 4,40 para R$ 5) e elevação de 16,67% nos ônibus em Belo Horizonte (de R$ 4,50 para R$ 5,25 no grupo 1).

As passagens aéreas, cuja alta pressionou a inflação ao longo de 2023, tiveram queda de 15,24%. Houve também queda nos gastos com combustíveis, com redução de 2,23% no etanol e 1,72% no óleo diesel.

 

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