Economia

Como a economia define o sucesso no pop e no country

Pesquisas mostram que em tempos de dificuldade, americanos preferem rostos maduros no cinema e músicas pop mais sombrias; no country, acontece o contrário


	Lady Gaga emplacou vários hits sombrios em 2008 e 2009, no auge da recessão americana
 (GettyImages)

Lady Gaga emplacou vários hits sombrios em 2008 e 2009, no auge da recessão americana (GettyImages)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de fevereiro de 2015 às 06h00.

São Paulo - Economia e cultura estão intimimamente ligadas, mas a conexão é muitas vezes sutil e difícil de ser identificada.

Terry F. Pettijohn II, professor de psicologia na Coastal Carolina University, elegeu este como o tema de suas pesquisas e encontrou correlações bastante curiosas.

Seu último trabalho, do ano passado, analisou a letra e melodia das 63 músicas que atingiram o topo das paradas country da Bilboard entre 1946 e 2008, assim como o sexo e idade dos seus intérpretes.

A conclusão é que as músicas country de sucesso tendem a letras positivas, ritmos animados e notas ensolaradas durante épocas mais complicadas da economia, que também favorecem artistas mais velhos e mulheres.

Isso não vale para todos os estilos. Na música pop, acontece o contrário: as músicas ficam mais longas e usam letras mais significativas e notas mais sombrias em tempos de dificuldade. Quando vem a bonança, as canções aceleram e se tornam mais banais.

"Nossa hipótese é que essa diferença existe porque ao contrário da audiência de classe média, que consome músicas populares mais tristes porque elas se encaixam com seu humor em tempos de recessão e ameaça social, os ouvintes de música country da classe trabalhadora mais marginalizada usam canções de som mais feliz de figuras femininas reconfortantes, como as esposas e mães apresentadas no country, como forma de catarse em tempos socioeconômicos difíceis", diz o estudo.

Cinema e Playboy

No passado, Pettijohn investigou também a relação entre o rosto de atrizes populares do cinema e as condições econômicas dos Estados Unidos entre 1932 e 1995.

A conclusão foi que momentos de estagnação e pessimismo favorecem atrizes de rostos mais maduros com olhos pequenos, bochechas magras e queixos largos. Já épocas de prosperidade aumentam a popularidade daquelas com rosto mais infantil: olhos grandes, bochecas redondas e queixos estreitos.

Outra pesquisa foi sobre a revista Playboy. As playmates entre 1960 e 2000 tiveram rosto e corpo analisados e correlacionados com uma série de indicadores sociais e econômicos de cada período.

A conclusão: tempos difíceis favorecem mulheres mais altas e velhas com quadris largos, olhos menores e uma razão maior entre tamanho de cintura e quadril e uma razão menor de busto em relação à cintura.  

É consistente com a "Hipótese de Segurança Ambiental" que Petitjohn desenvolveu, segundo a qual tempos de dificuldade fazem com que as pessoas sejam atraídas por figuras que transmitem segurança e estabilidade.

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